"Reconheço que o que precisamos fazer é amar uns aos outros e deixar o preconceito para trás, de lado. Com essa jornada, percebi que é importante abraçar a comunidade.”
Líder da oposição nas Ilhas Bermudas, Craig Cannonier, explicando que sua opinião mudou e que vai votar a favor do casamento igualitário.
Da ONU: O Conselho de Direitos Humanos da ONU publicou o relatório da Missão Internacional Independente de Apuração dos Fatos em Mianmar. A Missão foi nomeada para estabelecer os fatos e as circunstâncias acerca de alegações de violações de direitos humanos por forças militares e de segurança em Mianmar. Entre as conclusões, apontou que como parte de uma “estratégia bem planejada para intimidar, aterrorizar e punir” civis, os soldados “se utilizaram rotineiramente do estupro, do estupro múltiplo, e de outros atos sexuais violentos e forçados contra mulheres, meninas, meninos, homens e pessoas trans, em flagrante violação das leis internacionais de direitos humanos”. O especialista da Missão, Christopher Sidoti, observou que é a primeira vez que este tipo de relatório destaca claramente a violência contra pessoas trans.
Em artigo publicado pela Arc International, o doutorando Kwaku Adomako explorou como o Especialista Independente sobre Orientação Sexual e Identidade de Gênero poderia colaborar com lideranças em Gana. Adomako observou que, com a ajuda do Especialista, Gana poderia esclarecer “linguagem ambígua” no código penal, que ameaça as pessoas devido à sua orientação sexual ou identidade de gênero real ou percebida.
O UNAIDS promoveu uma consulta online durante três semanas sobre o estigma e a discriminação relacionados ao HIV. As discussões dos participantes ajudarão a determinar como se medem e avaliam o impacto do estigma e da discriminação sobre pessoas vivendo com HIV, gays e outros homens que fazem sexo com homens, pessoas trans, profissionais do sexo e pessoas que usam drogas injetáveis.
HIV, saúde e bem-estar: A crise na Venezuela está impactando diretamente as pessoas vivendo com HIV. Há grave escassez de recursos para o sistema de saúde, com falta acentuada de equipamentos e medicamentos, segundo reportagens da Foreign Dispatch e de outras fontes. A Organização Pan-Americana da Saúde informou à OMS que há desabastecimento no país de mais de a metade dos medicamentos antirretrovirais necessários para o tratamento do HIV. As pessoas precisam atravessar a fronteira com frequência para obter medicamentos capazes de salvar vidas. O jornalista Michael Lavers entrevistou algumas organizações que trabalham com HIV e AIDS na Colômbia que estão lutando para ajudar os venezuelanos a encontrarem o tratamento.
Na 10ª Conferência Internacional Científica sobre HIV da International AIDS Society, Asa Radix falou para uma sessão plenária sobre os desafios enfrentados por pessoas trans ao redor do mundo na busca pela prevenção da infecção pelo HIV. Comentou que era a primeira vez que questões trans tiveram destaque na conferência. O vídeo de sua fala e os slides da apresentação estão disponíveis online.
Kikonyogo Kivumbi, diretor executivo da Associação de Jornalismo Sanitário e Científico de Uganda, noticiou que o Ministério da Saúde deu ordens para os profissionais de saúde pararem de identificar pessoas LGBTI no Sistema de Gestão de Informações de Saúde. Ativistas temem que, sem esses dados, não seja dada atenção à saúde das pessoas LGBTI. Alertam que o progresso rumo ao controle da epidemia do HIV poderá ser ameaçado por essa mudança.
Em matéria no South China Morning Post, o pesquisador Jason Hung compartilhou os resultados do seu estudo com homens gays e bissexuais chineses em Hong Kong, a maioria dos quais esconde a sexualidade da família e dos amigos. Hung analisou como um “tabu cultural generalizado contra a homossexualidade” poderia estar contribuindo também para um aumento nas infecções pelo HIV.
A organização M-Pact lançou a quarta Pesquisa Global sobre a Saúde e os Direitos Humanos dos Homens gays, bissexuais, e outros homens que fazem sexo com homens. A pesquisa está disponível em 10 idiomas.
Um novo estudo publicado na revista Science avaliou os genomas de mais de 470 mil indivíduos do Reino Unido e dos EUA para avaliar se a genética influencia a sexualidade de uma pessoa. Os pesquisadores concluíram que, como são muitos genes diferentes que influenciam o comportamento sexual, é impossível antever a sexualidade somente com base na genética, segundo noticiado pelo New York Times e outras fontes. Alguns cientistas não concordaram com a publicação do estudo porque temem que os dados sejam mal interpretados e utilizados para discriminar. O Broad Institute of MIT and Harvard publicou uma análise abrangente das limitações do estudo e uma série de artigos refletindo sobre o significado e o propósito do estudo.
O UNAIDS publicou uma matéria sobre o dançarino sul-africano Phillip Dzwonkiewicz, vencedor do concurso Mr Gay England 2018 e protagonista do filme "Jus+ Like Me" (assim como eu). O filme explora como Dzwonkiewicz passou a aceitar seu estado sorológico positivo para o HIV e como isto afetou sua família e amigos. Dzwonkiewicz observa como é importante se assumir enquanto pessoa vivendo com HIV:
“Agora eu vivo uma só vida. Vivo assumidamente, e isso tirou um peso enorme das minhas costas.”
No que teria sido o 73º aniversário do cantor Freddie Mercury e em apoio à Mercury Phoenix Trust, uma organização que trabalha com HIV e AIDS, os criadores de animação Esteban Bravo e Beth David lançaram um curta metragem que tem como pano de fundo a música de Mercury “Love Me Like There’s No Tomorrow” (me ame como se não houvesse amanhã). O filme traz uma história de amor entre dois glóbulos brancos, um dos quais ficou infectado com HIV. Os criadores observaram:
“Durante anos, a comunidade LGBT+ lutou pelo direito de ter pesquisas e atenção à saúde que a contemplasse, e por causa daquela luta, milhões de vidas foram salvas. Queríamos celebrar essa vitória. Por meio de perseverança, força e amor, nossos personagens não só sobrevivem, como também compartilham uma vida longa e saudável.”
Mais sobre HIV, saúde e bem-estar
Do mundo da política: A recém-formada Global Equality Caucus—uma rede internacional de parlamentares e representantes eleitos que visa enfrentar a discriminação contra as pessoas LGBT+ —anunciou que vai realizar uma série de reuniões no Japão com enfoque nas necessidades das pessoas na região da Ásia-Pacífico. O Caucus facilitará o diálogo entre políticos da região a fim de compartilhar estratégias, desafios e sucessos a respeito de legislação com impacto nas pessoas LGBT+.
Nas Filipinas, o presidente Rodrigo Duterte pediu a realização de uma “convenção nacional” para pessoas LGBTQ expressarem suas preocupações, segundo o senador Christopher Lawrence “Bong” Go. Enquanto isso, o governo segue debatendo um novo projeto de lei sobre igualdade de orientação sexual e identidade e expressão de gênero. Em resposta a alegações de que o projeto de lei impediria os direitos religiosos, a ex-secretária do Bem-Estar Social, Judy Taguiwalo, disse:
“É muito provinciano encarar uma lei [que] reconhece os direitos do setor marginalizado, uma lei que é inclusiva, como sendo prejudicial aos direitos de outrem.”
Na Índia, seguindo a recente decisão da Suprema Corte de Madras que proibiu cirurgias “normalizadoras” desnecessárias em bebês e crianças intersexo, o governo do estado de Tamil Nadu estabeleceu uma ordem executiva proibindo tais cirurgias, exceto em “situações que ameaçam a vida”. O governo vai estabelecer uma comissão para avaliar eventuais casos levantados como sendo necessários.
Já na França, a comissão parlamentar incumbida da reforma da legislação sobre bioética ouviu argumentos de especialistas e ativistas intersexo que pedem a proibição de cirurgias desnecessárias em bebês e crianças. Apenas Portugal e Malta instituíram a proibição nacional da prática. No Canadá, a CNN compartilhou a experiência de um casal que foi incitado a sujeitar seu recém-nascido à cirurgia e por que resolveu resistir.
Enquanto a Polônia se prepara para as eleições parlamentares, em outubro, os direitos LGBT continuam sendo um foco de divisão. O que começou, no início deste ano, como um esforço do prefeito de Varsóvia para alinhar a educação em sexualidade nas escolas com as recomendações da OMS, se transformou rapidamente em um debate que tomou conta do país, impulsionado pelo partido Law and Justice Party (PiS). Depois de participantes do Orgulho terem sido ameaçados por “multidões violentas”, muitas pessoas manifestaram apoio aos cidadãos LGBT. Escrevendo para o Emerging Europe, Aleks Szczerbiak, analisou como a politização de questões LGBT poderia ser uma “estratégia arriscada” para o partido, porque um número crescente de pessoas o associa com intolerância e agressão.
Na Austrália, o procurador-geral federal Christian Porter divulgou a versão preliminar do tão aguardado projeto de lei sobre discriminação religiosa. Entre suas disposições, há uma seção que permite que os prestadores de serviços de saúde se recusem a fornecer serviços com base em suconversao as convicções religiosas, bem como uma seção que protege o “discurso religioso”. O jornal The Guardian e outros noticiaram que o projeto de lei prevaleceria sobre toda a demais legislação federal e estadual contra discriminação. O ex-comissário da Tasmânia para o combate à discriminação, Robin Banks, comentou:
“As pessoas acham que são apenas palavras, mas eu já tive que atender pessoas que sofreram danos emocionais causados por palavras, que agora poderiam ser marginalizadas no local de trabalho, na escola ou na universidade. O discurso religioso é tão privilegiado que permitirá que as pessoas utilizem discursos racistas, capacitistas, sexistas e anti-LGBTI.”
Também na Austrália, o conselho legislativo do estado de Victoria votou sobre a emenda à legislação para permitir que as pessoas trans e diversas de gênero possam alterar legalmente seu gênero. A Equality Australia anunciou que vai trabalhar com ativistas nos estados da Austrália Ocidental, Queensland e Nova Gales do Sul para alterar a legislação em favor do direito de reconhecimento do gênero.
A primeira parlamentar trans assumida da Alemanha, Tessa Ganserer, pediu que o governo rejeitasse a reforma da lei de reconhecimento de transgêneros de 1981 (Transssexuellengesetzes). Embora a atual lei seja considerada “obsoleta” e estigmatizante, a nova redação proposta para a lei foi criticada por ativistas e organizações trans por tornar ainda mais difícil o reconhecimento do gênero, conforme noticiado pelo Buzzfeed e outros.
A Reuters noticiou que o primeiro deputado federal gay assumido da Guatemala, Aldo Davila, vem recebendo ameaças de morte. Entre suas prioridades, Davila, que será empossado em janeiro pelo partido de esquerda Winaq Movement, pretende trabalhar em prol de iniciativas de atenção à saúde, legislação sobre crimes de ódio, e o direito à identidade de gênero.
Na Tailândia, a primeira pessoa não binária assumida eleita deputada, Tanwarin “Golf” Sukkhapisit, concedeu uma entrevista emocionada à imprensa depois do parlamento ter votado majoritariamente contra uma proposição de criar uma comissão permanente de assuntos LGBT. Tanwarin agradeceu àqueles que apoiaram a medida e prometeu que vai continuar lutando por direitos iguais:
“Não vamos conseguir desarraigar crenças milenares da noite para o dia.”
Mais sobre o mundo da política
A política e o casamento: Na China, um porta-voz do parlamento informou à imprensa que a China não tem planos para legalizar o casamento homoafetivo. Os ativistas esperavam que a China considerasse a questão após o Taiwan’s Legislative Yuan ter aprovado, em maio, a lei do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Por meio das mídias sociais, casais do mesmo sexo estão mobilizando seus pares para requererem a tutela mútua, a fim de conseguir algumas proteções jurídicas. Apesar do posicionamento oficial da China sobre o casamento, alguns ativistas acreditam ser significativo que a mídia estatal vem tendo uma posição neutra ou até de apoio a matérias sobre tutela.
No México, o estado de Oaxaca aprovou alterações ao código civil para permitir o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Atualmente, pouco mais da metade dos estados mexicanos reconhecem o casamento igualitário.
Nas Ilhas Bermudas, o líder da oposição, Craig Cannonier, anunciou que após ter ouvido a comunidade LGBT ele mudou de opinião sobre o casamento igualitário e agora apoia o casamento entre pessoas do mesmo sexo:
“Reconheço que o que precisamos fazer é amar uns aos outros e deixar o preconceito para trás, de lado. Com essa jornada, percebi que é importante abraçar a comunidade.”
Uma nova pesquisa utilizando dados da Pesquisa Social Europeia mostrou que os países europeus que reconhecem juridicamente os relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo também vivenciaram um aumento na aceitação das pessoas LGBT. Por outro lado, muitos dos países sem reconhecimento jurídico vivenciaram uma diminuição na aceitação ao longo do período estudado, de 14 anos, segundo reportagem da Reuters.
Na Suíça, o governo continua avaliando como legalizar o casamento igualitário. Um período de consulta pública terminou em junho e mostrou amplo apoio para todos os arranjos de casamento civil. A Comissão Nacional de Assuntos Jurídicos anunciou que qualquer lei nova não incluirá o direito a tratamento de fertilidade ou reprodução assistida para os casais do mesmo sexo, apesar dos esforços de grupos de advocacy. Já os presidentes da Federação de Igrejas Protestantes e da Igreja Católica do Cantão de Zurique anunciaram seu apoio para o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. O Conselho da Federação Suíça de Igrejas Protestantes também votou pela aceitação do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo.
Nos EUA, viralizou uma história sobre um espaço de eventos no Mississippi que cancelou a realização de um casamento após descobrir que o casal é de raça mista. Em um vídeo, o proprietário do local afirmou que não permitiria casamentos entre pessoas do mesmo sexo ou entre casais inter-raciais, devido às suas crenças cristãs. Após reação contrária nas mídias sociais, o proprietário se desculpou; contudo, o Washington Post noticiou que há muitos que receiam que estas situações, que vão continuar acontecendo, como resultado da lei do Mississippi que permite que o comércio se recuse a atender casais do mesmo sexo e pessoas trans com base em objeções religiosas.
Mais sobre a Política e o casamento
Que os tribunais decidam: A Suprema Corte das Filipinas rejeitou, por motivos técnicos, uma ação sobre o casamento igualitário. O juiz Lucas Bersamin observou que como o requerente não deu entrada com pedido de celebração de casamento civil, não poderia processar o registro civil. Já o juiz Marvic Leonen sugeriu que não seria o momento certo para uma decisão da corte:
“Muitas vezes a opinião pública precisa ser formada primeiro por meio do cadinho de campanhas e ações de advocacy dentro de nossos fóruns políticos, antes de ser ajustada para a autorização judicial.”
O Tribunal de Apelações do Kosovo decidiu que uma cidadã trans pode retificar oficialmente o nome e o gênero no registro civil, segundo divulgado pela Associação pelos Direitos Iguais de LGBTI nos Balcãs Ocidentais e na Turquia.
Nos EUA, ativistas aplaudiram quando um tribunal distrital decidiu que é inconstitucional a política de uma escola na Virgínia que proibia estudantes trans de utilizar o banheiro correspondente ao seu gênero. A ação foi movida em 2015 e o estudante do caso se formou há dois anos. A direção da escola continua defendendo a proibição e entrou com recurso no Tribunal de Justiça.
O Tribunal Europeu de Direitos Humanos vai julgar uma ação movida em relação a uma confeitaria da Irlanda do Norte que se recusou a confeccionar um bolo com as palavras “apoie o casamento gay” escritas em cima. A Corte Suprema do Reino Unido já decidiu a favor da confeitaria, determinando que tinha o direito de “não expressar uma opinião”.
Criadores de conteúdos LGBTQ entraram com uma ação coletiva contra o YouTube e contra a Google, alegando censura de vídeos. A censura impede que canais LGBTQ sejam encontrados pelo mecanismo de busca do YouTube e “desmonetiza” os vídeos—impedindo que os criadores possam ganhar dinheiro com publicidade a partir de seus posts. O YouTube nega ter censurado os requerentes, os quais incluem canais educativos, sobre educação sexual, informações sobre transgeneridade, e vídeos sobre estilos de vida. A empresa já havia prometido que corrigiria o algoritmo e admitiu que ele filtrava injustamente os conteúdos.
Sobre a religião: Na Polônia, veteranos da revolta de Varsóvia, ocorrida durante a Segunda Guerra Mundial, divulgaram uma nota condenando os comentários contra LGBTQ feito pelo arcebispo Marek Jedraszewski durante uma missa no aniversário da revolta:
"Nós não sabemos a quantos dos nossos amigos o Criador deu as características hoje denominadas LGBT. Apenas sabemos que estavam entre nós, lutaram e morreram. E merecem memória, respeito e preces".
Em texto para o America, o reverendo James Martin, S.J. abordou o que significaria para a Igreja Católica acolher os católicos LGBT. Demonstrou como a aceitação anda de mãos dadas com o evangelho, ao destacar as obras do teólogo e professor reverendo Bryan Massingale, do arcebispo Wilton Gregory, e de um novo ministério liderado por católicos jovens na Arquidiocese de Chicago.
Na Grécia, o bispo ultraconservador Amvrosios de Kalavryta anunciou sua renúncia. Em janeiro deste ano, o bispo foi condenado na justiça por incitação pública à violência, por seu discurso de ódio direcionado às pessoas LGBT. Em entrevista à imprensa, o bispo afirmou que não se arrependeu de nada e considerou sua condenação como “uma medalha”.
Medo e ódio: A OutRight Action International lançou um novo relatório documentando o alcance global da “terapia de conversão” incluindo todas as práticas que tentam mudar, suprimir ou “desviar” a orientação sexual, a identidade de gênero ou a expressão de gênero. O relatório se baseia em pesquisas, entrevistas aprofundadas, consultas com especialistas e uma revisão abrangente da literatura. Descobriu que essas práticas ocorrem em quase todos os países do mundo e que a maioria dos perpetradores age em nome da religião ou da falsa atenção à saúde. Apenas Malta, Brasil, Equador e Taiwan proibiram nacionalmente as terapias de conversão (outros 10 países proíbem parcialmente ou no âmbito subnacional).
Na China, um novo estudo integral, realizado pelo Centro LGBT de Beijing, mostrou que um em cada cinco adolescentes trans foi submetido à terapia de conversão. Em texto para a Open Democracy, Carmen Graterol entrevistou sobreviventes no México de táticas de terapia de conversão e discutiu sobre os esforços para criminalizar essas práticas. Nos EUA, o jornalista Michael Majchrowicz apresentou o perfil do fundador do “Hope for Wholeness” (Esperança pela Integridade, na tradução livre para o português) — um dos maiores programas de terapia de conversão do país — que desqualificou a prática recentemente e se assumiu como gay.
A organização Human Rights Watch publicou um novo relatório sobre o Líbano e a discriminação enfrentada por mulheres trans e pessoas trans em busca de asilo no país. O relatório, baseado nos depoimentos de 50 mulheres trans, mostrou que enfrentam violência e discriminação sistemática na educação, no trabalho, na moradia e nos serviços de saúde.
Em matéria para o Telegraph, Anna Pujol-Mazzini analisou como as mídias sociais têm disseminado mensagens contra LGBT e têm impulsionado um aumento de crimes de ódio violentos contra as pessoas LGBT no Mali. Uma pessoa trans explicou que o sentimento da população obriga as pessoas a se esconderem:
“A sociedade está muito mais desconfiada: basta você parecer um pouco efeminado, um pouco masculina demais. Todo mundo teme pela própria vida, no momento atual.”
No Guardian, o repórter Josh Taylor explorou como alguns dos principais meios de comunicação da Austrália estão se tornando cada vez mais “enviesados, emotivos, e sem se apoiar em fatos” ao tratar de questões de pessoas trans. Segundo Joe Ball, presidente da Switchboard, um serviço de prevenção de suicídio entre LGBTIQA+, a cobertura criou um “ambiente permissivo” para as pessoas atingirem gays, lésbicas e pessoas trans.
Ventos de mudança: A Coalizão de Comunidades Vulneráveis do Caribe e o Fundo Rustin pela Igualdade Global lançaram um fundo de solidariedade para arrecadar recursos para pessoas LGBT e suas famílias deslocadas pelo furação Dorian. Em entrevista para o Washington Blade, Alexus D'Marco da Organização de Assuntos LGBTI das Bahamas discutiu sobre o que está sendo feito para ajudar as pessoas impactadas pela tempestade.
Em texto para a Reuters, Annie Banerji analisou como a comunidade LGBT+ da Índia avançou no ano que sucedeu à decisão da Suprema Corte que revogou a Seção 377—a lei que criminalizava as relações sexuais consentidas entre pessoas do mesmo sexo. Neste último ano, as questões LGBT+ se tornaram mais visíveis, com aumento de demandas por novas leis contra discriminação, proteções neutras em relação ao gênero que incluam homens, pessoas trans e intersexo, e apoio com educação e emprego. O Hindustan Times publicou uma linha do tempo fotográfica do processo da derrubada da lei.
Na Nigéria, The Initiative for Equality Rights (TIERS) (a iniciativa pela Igualdade de Direitos, na tradução livre para o português) publicou os resultados de uma nova pesquisa que mostrou que as percepções da população sobre as pessoas LGBTQI demonstraram mais aceitação no decorrer dos últimos dois anos. Entre os achados: mais entrevistados acreditam que as pessoas queer devem ter direitos iguais (27% em 2019, comparado com 17% em 2017); mais pessoas aceitariam ter alguém LGBT na família (30% em 2019, comprado com 13% em 2017); e o apoio pela criminalização das pessoas LGBT diminuiu (apenas 57% apoiaram em 2019, comparado com 75% em 2017).
Ativistas LGBT da Sérvia e do Kosovo deram entrevista para o Komitid sobre a troca de conselhos, o apoio mútuo e a união de forças para a realização de projetos apesar das tensões entre os dois países, que dividem muitas outras pessoas.
O Museu de Alimentação e Bebidas dos EUA (MOFAD), no Brooklyn, Nova York, promoveu o “J’ouvert”, um evento para reunir comunidades LGBTQ da Jamaica e dos EUA para destacar a “visibilidade queer na comida e na cultura”. O evento incluiu discussões sobre empreendedorismo, imigração, privilégio e a ansiedade causada pela rejeição pelos outros.
A jornalista Kim Harrisberg entrevistou “sangomas” LGBT da África do Sul. Estes curandeiros e xamãs tradicionais comungam com espíritos ancestrais para fornecer orientação e aconselhamento aos clientes. Simphiwe Mahlaba, da Associação Nacional de Curandeiros Africanos, comentou:
“Não temos problema em filiar curandeiros tradicionais LGBT. Contanto que sejam fiéis para com as crenças de seus ancestrais, podemos conviver tranquilamente com eles.”
A Accountability International está solicitando indicações de indivíduos ou organizações candidatas ao prêmio Accountability International Leadership Award que tenham “desempenhado um papel excepcional na promoção da responsabilização na resposta internacional aos direitos humanos e ao desenvolvimento sustentável inclusivo”.
A terceira premiação anual HERO, da APCOM, será realizada em novembro para valorizar líderes comunitários nas áreas de HIV e LGBT, na região da Ásia-Pacífico. A APCOM está buscando indicações de indivíduos que tenham feito contribuições significativas à saúde e aos direitos das pessoas LGBTI e das pessoas vivendo com HIV.
Em marcha: A primeira parada do Orgulho da Bósnia-Herzegovina foi realizada em Sarajevo. Devido a preocupações com a segurança, mais de mil policiais foram destacados para proteger o evento, conforme reportagem da Reuters. Milhares de participantes desfilaram pacificamente, apesar das preocupações.
Em Honduras, cerca de 450 pessoas marcharam no evento do Orgulho de San Pedro Sula. A Human Rights Watch examinou os "níveis extraordinários de violência" que a comunidade vem enfrentando.
No Reino Unido, novos dados do Home Office (Ministério do Interior) revelaram que o órgão recusou pelo menos 3.100 pedidos de asilo de pessoas LGBT vindas sobretudo do Paquistão, Bangladesh e Nigéria, entre 2016 e 2018. Para o The Conversation, o pesquisador Alex Powell compartilhou sua investigação sobre como o Home Office trata as pessoas LGBTQ em busca de asilo.
No Canadá, pessoas LGBT em busca de asilo da África e do Oriente Médio compartilharam o que os levou a fugir da terra natal e como vêm trabalhando com grupos locais para construir novas redes de apoio. Na revista Passport, o escritor Bill Strubbe compartilhou sua jornada que começou em 2016 para ajudar pessoalmente Alaa Saleh—um gay iraquiano que tinha a esperança de encontrar asilo. A TeenVogue destacou a “marginalização estratificada” enfrentada por pessoas LGBTQ em busca de asilo e o trabalho que está sendo feito por quatro organizações diferentes para ajudá-las.
Com o apoio do Gateway Health Institute e da Frontline AIDS, o grupo WoZALife fornece informações às pessoas LGBTIQ+ africanas que querem buscar asilo na África do Sul. O site fornece informações jurídicas gerais, links para organizações que ajudam as pessoas em busca de asilo, bem como informações gerais que são importantes para as pessoas saberem como acessar serviços de saúde, emprego e educação.
Esportes e cultura: Em entrevista que viralizou, o rapper e ativista Jidenna, que nasceu na Nigéria, discutiu sobre homofobia entre a comunidade negra. Jidenna argumentou contra a noção de que ser gay é antinatural ou “não-africano”. Elencando alguns exemplos de pessoas LGBT na história da África, ele observa:
“Nunca houve uma época em que isso não existia. Ou quando era simplesmente inquestionável que os homossexuais eram errados. Na verdade, isso não é uma coisa da África, o que significa que não é uma coisa dos negros.”
Durante a 19ª Bienal Internacional do Livro no Rio de Janeiro, Brasil, o prefeito Marcelo Crivella deu ordem para guardas municipais retiraram exemplares de um livro de histórias em quadrinhos da Marvel, no qual constava um casal gay se beijando, bem como quaisquer outros livros com “conteúdo pornográfico”. A reação contrária foi rápida. O YouTuber Felipe Neto comprou 14 mil exemplares de livros com a temática LGBT e distribuiu de graça no evento. O maior jornal do Brasil publicou na capa a ilustração que deu origem à tentativa de censura. A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, questionou os esforços do prefeito no Supremo Tribunal Federal, que impediu a retirada de qualquer livro. A prefeitura afirmou que vai recorrer da decisão.
O novo livro do autor Benjamin Law Growing up Queer in Australia (crescendo queer na Austrália) contém histórias e conversas de 52 pessoas LGBTIQA+ “abrangendo diversos lugares, épocas, etnias e experiências” que ele gostaria de ter conhecido quando era criança. Law enfatiza que por mais que as pessoas queer tenham em comum experiências de marginalização, é importante valorizar as histórias individuais das pessoas:
“Nossa capacidade de permanecer curiosos e escutar as histórias uns dos outros é primordial. Abraçar a diferença —em vez de depender de lugares-comuns simplistas como ‘somos todos iguais’—é como aprendemos a estabelecer o respeito. De qualquer forma, e mesmice é um tédio. A mesmice é o oposto da diversidade. E a mesmice nunca foi um pré-requisito para a igualdade das pessoas queer.”