Olhar para a Igualdade: 15 de março de 2018

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Da ONU: O mundo comemorou o Dia Mundial de Zero Discriminação, realizado pela primeira vez em 2014 para chamar a atenção ao estigma enfrentado por pessoas vivendo com HIV. O UNAIDS ampliou a mensagem, enfatizando que a discriminação contra qualquer pessoa “não somente é errada, como também faz mal para comunidades, para a economia e para o futuro”. 

Após consulta com organizações da sociedade civil e outros atores interessados, o UNAIDS ampliou e relançou o Atlas das Populações-Chave, uma ferramenta de visualização com os dados mais recentes disponíveis sobre questões relativas ao HIV que impactam homens gays e outros homens que fazem sexo com homens, pessoas transgênero, profissionais do sexo, pessoas que usam drogas injetáveis, pessoas privadas de liberdade, e pessoas vivendo com HIV.

O UNAIDS realizou um evento paralelo à 37ª sessão do Conselho de Direitos Humanos para focar o HIV e os direitos humanos com representantes do Brasil, da Índia, do Malawi, e da Rede Global de Pessoas Vivendo com HIV (GNP+). Os painelistas pediram ação e enfatizaram a importância de leis para proibir a discriminação contra comunidades vulneráveis.

Também na 37ª sessão, a GATE e a ILGA promoveram o evento paralelo Gênero, Despatologização e Direitos Humanos para discutir sobre como o tratamento da sexualidade, identidade de gênero ou expressão de gênero da pessoa como algo anormal ou como doença tem sido uma “causa principal das violações de direitos humanos que essas pessoas enfrentam”.

O UNAIDS foi coautor de uma nova pesquisa publicada na Revista Europeia de Saúde Pública  que fornece uma avaliação socioecológica da homofobia nos países. O “Índice do Clima Homofóbico” reúne componentes institucionais e sociais da homofobia e foi utilizado para avaliar 158 países. O UNAIDS afirma que o índice “mostra os efeitos danosos que a homofobia tem sobre a vida e o bem-estar de todas as pessoas no país, e não somente sobre homens gays e outros homens que fazem sexo com homens”.

O Escritório da ONU para a Redução do Risco de Desastres lançou uma nova ferramenta, o Sendai Framework Monitor, para ajudar os países a informar sobre o impacto que os desastres têm nas pessoas, na economia e na infraestrutura. Os dados coletados serão utilizados para melhorar as estratégias nacionais e locais para a redução de riscos durante desastres. No lançamento, a Representante Especial da ONU, Mami Mizutori, enfatizou a importância desses dados para as populações vulneráveis e a importância da desagregação dos dados por sexo, idade e deficiência: “Os desastres não afetam todo mundo de forma igual.”

Mais sobre a ONU

HIV, Saúde e Bem-Estar: A Coalizão Internacional de Prontidão para o Tratamento (ITPC) lançou a “Caixa de Ferramentas sobre PrEP para Ativistas das Populações-Chave” para proporcionar a comunidades no mundo inteiro os conhecimentos necessários para exigir acesso economicamente acessível e apropriado à PrEP. 

Durante a Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas (CROI), os participantes lamentaram a relativamente baixa utilização da PrEP globalmente, seja por causa da falta de acesso a preços acessíveis, pouca sensibilização ou estigma. Os palestrantes argumentaram que apenas os EUA, a Austrália e o Quênia “promoveram agressivamente” a PrEP, e mesmo nestes países, afirmaram, muitos que poderiam se beneficiar não procuram. Também na CROI, a Gilead Sciences e pesquisadores da Universidade de Emory apresentaram a AIDSVu, uma ferramenta para monitorar para quantos indivíduos foi receitada a marca truvada da PrEP, com o objetivo de avaliar como alcançar populações que mais precisam

Um ensaio randomizado na Birmânia mostrou que os kits de autoteste para HIV podem ser utilizados com êxito e ajudar a vincular mulheres trans, gays, e outros homens que fazem sexo com homens aos serviços de saúde.  Um estudo na África do Sul com homens gays e outros homens que fazem sexo com homensmostrou que quase todos os participantes estavam dispostos e capazes a utilizar os kits de autoteste. 

A LINKAGES lançou um recurso para ajudar programas a enfrentar a violência perpetrada contra aqueles sob maior risco de contrair o HIV, incluindo gays e pessoas transgênero. Um novo estudo na China sugeriu que gays e outros homens que fazem sexo com homens que são vítimas de violência entre parceiros íntimos têm maior risco de infecção pelo HIV que outros homens. Os pesquisadores concluem que os programas de prevenção do HIV devem ter mecanismos de detecção desta forma de violência e fornecer a PrEP para reduzir a infecção. 

O Centro para Controle e Prevenção de Doenças da Coreia (KCDCP) divulgou novos dados sobre as infecções por HIV que mostram que metade das novas infecções ocorreram entre gays e bissexuais.

Na Nigéria, a NoStringsNG e a Levites Initiative for Freedom and Enlightenment(LIFFE) promoveram uma oficina para homens gays e bissexuais para discutir sobre o HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis, direitos humanos, religião, homofobia, e efeminofobia. 

Em uma época de tratamentos aprimorados para o HIV/AIDS, o ativista do Reino Unido, Philip Baldwin, discutiu os desafios enfrentados  por homens gays e bissexuais à medida que envelhecem, incluindo depressão, agravos crônicos e instabilidade financeira. Enquanto isso, o Fórum LGBT de York no Reino Unido desenvolveu um programa de treinamento chamado “Livre para ser eu” com foco na redução do estigma e da discriminação contra pessoas LGBT idosas morando em casas de repouso. 

Um estudo no Reino Unido argumentou que os programas de tratamento do uso de drogas  precisam se adaptar a novas tendências no uso de drogas, incluindo o aumento da injeção de metanfetamina entre homens gays e outros homens que fazem sexo com homens.  E no Canadá, foram lançados programas para enfrentar o abuso de substâncias e trauma entre LGBTQ indígenas e pessoas dois-espíritos.

Também no Canadá, o programa “Todos os Corpos” (“Every Body”) foi lançado para ajudar homens queer que lutam com questões de imagem corporal. E nos EUA, um inédito estudo nacional mostrou que 54% dos jovens respondentes LGBTQ haviam sido diagnosticados como tendo um transtorno alimentar. Dos diagnosticados, 58% também pensaram em se suicidar ou tentaram cometer suicídio.

Em matéria no New Yorker, Rebecca Mead examinou como as mulheres trans estão utilizando cirurgia de “feminização facial” para escapar da disforia de gênero e corporal. E o podcast, The Pulse, conversou com mulheres trans que procuram a ajuda de fonoaudiólogos para “feminizar” a voz.

Mais sobre HIV, Saúde e Bem-Estar

Do mundo da política: o Senado do Paquistão aprovou por unanimidade a Lei das Pessoas Transgênero (Proteção de Direitos), que permite que as pessoas trans e hijras possam autodeclarar o gênero, obter a carteira de motorista e o passaporte, além de poder alterar o gênero nos registros do Autoridade Nacional de Registros e Banco de Dados (NADRA). A lei contém uma variedade de proteções, desde a não-discriminação na educação, nos serviços de saúde e no emprego, até a criação de casas seguras, programas profissionalizantes e penitenciárias exclusivas.

Nas Filipinas, a senadora Risa Hontiveros reapresentou em dezembro o Projeto de Lei Contra a Discriminação – uma proposição que visa impedir a discriminação contra qualquer pessoa, independente de orientação sexual, identidade de gênero e expressão de gênero. No entanto, os apoiadores do projeto de lei afirmam que alguns parlamentares estão impedindo propositalmente a tramitação e se recusando a colocá-lo em votação. Além disso, milhares de pessoas mobilizadas pelo movimento “Jesus é o Senhor” fizeram uma manifestação em frente ao Senado em oposição ao projeto de lei.

Nos EUA, alguns senadores reapresentaram a proposta de Lei de Defesa da Primeira Emenda para impedir que o governo penalize qualquer indivíduo que "fale, ou aja, de acordo com uma crença religiosa ou convicção moral sincera" afirmando que o casamento é entre um homem e uma mulher. Especialistas afirmaram que a redação genérica do projeto de lei poderia permitir a discriminação contra casais do mesmo sexo, mães solteiras, casais em união estável, casais inter-raciais, entre outros.

Enquanto isso, nos EUA os estados de Alasca, Nova Jérsei, Califórnia, Illinois, Nova York, Washington, Carolina do Norte e Nova Hampshire aprovaram várias leis locais que ampliam os direitos das pessoas trans, proíbem a “defesa do pânico” contra gays e pessoas trans, além de proibir as terapias de conversão.  

O Parlamento Europeu adotou seu relatório anual sobre os direitos fundamentais na União Europeia. O relatório contém disposições importantes para as pessoas LGBTI, entre elas a condenação das terapias de conversão, o acolhimento dos esforços em prol da despatologização da identidade, o incentivo à legislação contra a discriminação e um chamado para mais dados sobre a “normalização” genital e as violações dos direitos humanos das pessoas intersexo.

Agora a Austrália inteira permite a adoção de filhos por casais do mesmo sexo, após a emenda da legislação do Território do Norte. Enquanto isso, vários estados dos EUA estão apreciando projetos de lei que confeririam a entidades religiosas o poder de se recusar a atender casais LGBT querendo adotar.

No Líbano, políticos do partido Kataeb prometeram que vão revogar leis que criminalizam a homossexualidade se vencerem as eleições do país em maio. 

Na Irlanda, o Primeiro Ministro assumidamente gay, Leo Varadkar,  prometeu que levantará questões LGBT durante as conversas bilaterais com o Presidente Trump. Antes da reunião, Varadkar fez uma fala no festival South by South West no Texas:

“É muito duro ver um país que foi construído com base na liberdade, e com base na liberdade individual, de alguma forma não ser mais um líder mundial naquele espaço.”

Nas eleições realizadas recentemente na Colômbia, 14 candidatos LGBT concorreram a mandatos no Congresso. Pela primeira vez, o povo elegeu a bissexual assumida Angélica Lozano como senadora e o gay assumido Mauricio Toro Orjuela como deputado federal. Nas Filipinas, a primeira mulher trans a ser eleita para fazer parte do Congresso, deputada federal Geraldine Roman, tornou-se a primeira oficial militar assumida trans, integrando a Reserva.

Mais sobre o Mundo da política

A política e o casamento: Quando a Corte Interamericana de Direitos Humanos determinou em janeiro que o casamento entre pessoas do mesmo sexo deve ser reconhecido por todos os signatários da Convenção Americana de Direitos Humanos, obrigou muitos países da América Latina a tratar da questão do casamento igualitário

Na Alemanha, o partido político União Social-Cristã abandonou os esforços para revogar o casamento entre pessoas do mesmo sexo, legalizado no país no ano passado, depois que um parecer jurídico concluiu que qualquer contestação teria poucas chances de sucesso.

Nos EUA, políticos no Kentucky e no Tennessee foram criticados por se recusarem a considerar projetos de leis para proibir o casamento de menores. Segundo relatos, a Kentucky Family Foundation e o Family Action Council do Tennessee pediram para os políticos atrasarem a tramitação dos projetos de lei, argumentando que as decisões sobre o casamento de menores deveriam ser tomadas pelos pais; e argumentaram que no Tennessee qualquer projeto de lei sobre casamento atrapalharia os esforços para impedir o direito de casamento entre pessoas do mesmo sexo. A cobertura pela mídia nacional provocou indignação pública, e agora ambos os projetos serão votados.  

Mais sobre a Política e o casamento

Que os tribunais decidam: O Supremo Tribunal Federal do Brasil determinou que indivíduos de qualquer idade podem mudar o nome e gênero no registro civil sem a necessidade de cirurgia ou laudos médicos. 

O Tribunal Administrativo Central da Tailândia decidiu que a Universidade de Thammasat demitiu sem justa causa a primeira professora trans Kath Khangpiboon.  

O 6º Tribunal Regional de Justiça dos EUA determinou que um empregador demitiu ilegalmente uma mulher trans devido à sua identidade de gênero, concluindo que a discriminação contra empregados/as trans é uma forma de discriminação sexual. O empregador alegou que a Lei de Restauração da Liberdade Religiosa protegesse a sua decisão de demitir a mulher, mas o juiz afirmou:

“Tolerar o entendimento de Stephen sobre o sexo e a identidade de gênero dela não é a mesma coisa que apoiá-lo.”

A decisão ocorreu logo depois da decisão do 2º Tribunal Regional de Justiça dos EUA que determinou que a proibição de discriminação por motivo de sexo inclui a proteção da orientação sexual.

Mais sobre os Tribunais

Em nome da religião: A Igreja Católica de Belize retirou sua oposição à decisão do Tribunal de Apelação que descriminalizou as relações sexuais consentidas entre adultos do mesmo sexo.

Na África do Sul, líderes de descendência indiana discutiram se suas religiões admitem o casamento entre pessoas do mesmo sexo, que é legalizado no país desde 2006. A aceitação variou muito, desde o líder hindu Ashwin Trikamjee que enfatizou a importância do casamento entre dois indivíduos independente da sexualidade ou da identidade de gênero, até o líder muçulmano Mufti Moosa que enfatizou que é proibido pela lei islâmica. No entanto, o imã Muhsun Hendricks, que é responsável por uma “mesquita acolhedora de pessoas LGBT”, argumentou que o “Alcorão não proíbe o casamento entre pessoas do mesmo sexo. A lei islâmica foi feita pelos homens e precisa evoluir de acordo com as necessidades da humanidade que a mesma atende”. 

O Encontro Mundial Trienal das Famílias da Igreja Católica Romana será realizado em agosto deste ano na Irlanda. Inicialmente o encontro deste ano foi promovido através de um vídeo do bispo David O’Connell no qual ele acolheu “todo tipo de configuração de família” incluindo mães e pais solteiras/os, o segundo casamento, e casais do mesmo sexo que criam filhos. Contudo, após pressão de grupos conservadores, a mensagem de boas-vindas foi editada para apagar os comentários em apoio às famílias arco-íris. 

Mais sobre em Nome da religião

Ventos de mudança:  A nova iniciativa Saúde Global 50/50 lançou seu relatório inaugural sobre a receptividade ao gênero em 140 das principais organizações de saúde globalmente. O relatório examinou políticas e práticas relacionadas ao gênero, dando pontuação para as organizações com base em várias áreas-chave, incluindo como lidam com o gênero na coleta de dados e nos programas e como a igualdade de gênero é promovida e efetivada no local de trabalho. Entre os achados, os pesquisadores observaram que muitas organizações não definem o gênero com clareza e apenas 4 das 140 mencionam especificamente as pessoas não binárias e as pessoas trans como um dos focos dos seus programas. O relatório afirma que uma abordagem bem definida ao gênero  ajuda a focar “não em determinadas mulheres e homens, mas nos sistemas  sociais, culturais e políticos que determinam os papéis e as responsabilidades atribuídas aos gêneros, bem como no acesso e no controle dos recursos, e no poder de tomada de decisões”. 

O UNAIDS fez uma matéria sobre o ativista da Costa do Marfim Ezechiel Koffi e sua “energia incansável” no seu trabalho na Alternative, uma organização LGBTI local. Na Ilha de Barbados, a Zing, a revista de bordo da companhia aérea caribenha LAIT, fez uma matéria sobre a ativista trans Alexa Hoffman enquanto uma das mulheres do país que “não medem esforços” em relação às questões LGBTI locais.

Na Geórgia, o Rádio Europa Livre filmou mulheres trans falando sobre seus sonhos de família e aceitação. O jornal Times of India conversou com a professora de inglês, Atri Kar, sobre o fato de ser a primeira pessoa trans a receber permissão para fazer um Concurso Público do Estado de Bengala Ocidental. E o jornal online Pink Newsselecionou nove mulheres britânicas, irlandesas, australianas e americanas cujo trabalho tem sido instrumental na melhoria da igualdade das pessoas LGBT.

Mais sobre Ventos de mudança

Medo e ódio: Em matéria na plataforma Open Democracy, Ismail Djalilov e Tamara Grigoryeva examinaram a perpetração contínua de crimes contra pessoas LGBT na região do Cáucaso, especialmente no Azerbaijão, na Chechênia, no Tajiquistão e na Rússia. Observaram que uma falta de comunicação e colaboração entre grupos pelos direitos de LGBT e a sociedade civil faz com que as pessoas LGBT permaneçam vulneráveis. 

O Comitê de Helsinki na Armênia publicou um novo relatório sobre a situação dos Direitos Humanos no país. O relatório inclui informações sobre a violência sexual e documenta casos específicos de violação dos direitos de indivíduos LGBT.

Escrevendo no jornal Guardian, Natalia Antonova afirmou que a atual ideologia de extrema direita “tende a transcender fronteiras” e que o ódio e a intolerância não devem ser considerados como sendo um “fenômeno localizado”. Ao contrário, ela argumenta que:

“A humanidade compartilhada, a ideia de pertencer a uma causa comum – estas são as ferramentas que temos à nossa disposição se quisermos enfrentar adequadamente a crescente onda de ódio.”

Na Indonésia houve relatos que uma multidão invadiu a casa de dois homens acusados de serem gays depois de terem sido vistos se abraçando. A multidão levou os homens para a polícia onde foram encaminhados subsequentemente para “reabilitação com oração” na Agência Social de Jakarta. Em outro relatório, o chefe de reabilitação da Agência declarou que as mulheres trans são classificadas como “pessoas com características de disfunção social” e, como tal, também estão sendo o objeto de arrastões para serem levadas para centros de reabilitação. Ele afirmou que qualquer pessoa encaminhada para reabilitação deve prometer que não irá “repetir a infração”:

“Uma ou duas vezes ainda passa, mas se pegamos pela terceira vez, podem ser encarceradas por cometer a mesma infração repetidamente”.

Nos EUA, um homem foi preso por afirmar no Grindr, um aplicativo de relacionamento, que iria matar 85 pessoas em uma boate gay. A pessoa para quem ele mandou a mensagem mostrou as ameaças para a polícia, que identificou o suspeito. 

No Tajiquistão, três policiais foram condenados por extorsão e abuso de autoridade por terem chantageado um homem gay para que não revelassem a orientação sexual dele. No segundo semestre do ano passado, autoridades no Tajiquistão criaram um cadastro de gays e lésbicas “comprovados”. 

Na Holanda, outdoors da marca de roupa Suitsupply nos quais constavam homens gays foram vandalizados em todo o país . A Suitsupply afirmou ter perdido mais de 10 mil seguidores nas suas mídias sociais, embora muitos também tenham manifestado seu apoio.

Pesquisas no Reino Unido e nos EUA descobriram que homens gays e bissexuais têm vivenciado assédio sexual, toque sem consentimento, violência sexual e estupro com taxas muito maiores do que entre os homens heterossexuais. O jornalista Michael Segalov explorou o porquê do abafamento do debate sobre consentimento. Enquanto isso, os produtores da mais antiga novela do Reino Unido, Coronation Street, anunciaram que vão incluir um enredo no qual um personagem masculino é vítima de um ‘boa noite cinderela’ e estuprado, para destacar a “cultura do silêncio” acerca da violência sexual contra homens

Mais sobre Medo e ódio

Em marcha: O Israel começou a deter e deportar pessoas em busca de asilo, que na maioria são da Eritreia e do Sudão, para “outros países”—Ruanda e Uganda. Embora mulheres e crianças tenham sido excluídas da deportação, as Autoridades Fronteiriças confirmaram que pessoas homossexuais e bissexuais em busca de asilo serão deportadas, apesar de leis em Uganda que criminalizam a homossexualidade.

No Reino Unido, empresas privadas que gerenciam abrigos para pessoas em busca de asilo foram criticadas por alojar pessoas LGBTI em abrigos onde foram agredidas física, verbal e sexualmente. 

Na África do Sul, manifestantes acusaram a organização das comemorações do Orgulho LGBTI da Cidade do Cabo de insensatez e exclusão. Organizadores das comemorações se reuniram com o grupo Gênero Livre (Free Gender, em inglês) para discutir os assassinatos de lésbicas negras na cidade, como melhorar o enfrentamento dos crimes de ódio, e como melhorar a representação de pessoas de etnias não brancas. 

Em Uganda, os organizadores do Orgulho LGBTI de Uganda estão trabalhando com as autoridades e “aliados heteros” para obter autorização para realizar o evento em Kampala. Se conseguirem, será o primeiro evento de comemoração do Orgulho LGBTI no país desde quando a polícia espancou e prendeu participantes em 2016.

Na Austrália, mais de 300 mil espectadores e 12,3 mil participantes de 200 grupos estiveram presentes na 40ª edição anual da Parada LGBTI de Sydney, realizada na época do carnaval. Com o tema “40 anos de Evolução”, o evento fez uma homenagem à primeira parada realizada em 1978 que foi violentamente dispersada pela polícia. A atual presidente da Associação da Parada LGBTI comentou sobre a diversidade do evento deste ano:

“Além da purpurina, a exuberância e a sátira, havia tantos carros nos relembrando as questões sérias. Aceitação, inclusividade, diversidade, respeito.

Mais sobre em marcha

Ambiente educacional: O Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA voltou a colocar ênfase na educação unicamente para a abstinência, agora com o novo nome de “educação para evitar riscos sexuais”, com exigências de financiamento que impedem os programas de distribuir ou demonstrar os métodos anticoncepcionais.  

O Departamento da Educação Básica da África do Sul avançou com a Educação Abrangente em Sexualidade (AES) para ajudar a tornar os jovens mais informados sobre a sexualidade e estilos de vida. A ministra Angie Motshekga disse que se trata de um “divisor de águas para a aceleração da prevenção do HIV”.

Enquanto os governos debatem sobre a necessidade de programas de AES, os educadores em sexualidade no YouTube—conhecidos como “sex vloggers—estão ganhando popularidade nos EUA, no Reino Unido e na Polônia.

Durante a Conferência LGBT+ da União Nacional dos Estudantes no Reino Unido, os participantes modificaram as prioridades de suas campanhas, que agora incluem um chamado para o governo proibir as terapias de “cura gay”, melhorar a educação em sexualidade, descriminalizar o trabalho sexual, e encontrar soluções para os/as jovens LGBTQ sem-teto.

Mais sobre Ambiente Educacional  

Comércio e tecnologia: Em matéria no Slate, o ativista Norman Shamas defende que os aplicativos de relacionamento e redes sociais comunitárias queer precisam ser projetados para proteger melhor os usuários contra autoridades e outros que querem perseguir as pessoas LGBTQ.

A Rede de Transgêneros da Suíça (TGNS) lançou uma nova campanha para incentivar os empregadores suíços a criarem uma “cultura de trabalho inclusiva” e a combaterem a discriminação contra as pessoas trans no local de trabalho.

A quinta cúpula anual Lesbians Who Tech (cúpula de lésbicas e tecnologia) foi realizada na Califórnia, reunindo mais de 5 mil pessoas lésbicas, bissexuais, trans, queer e aliadas para discutir avanços na tecnologia, na igualdade de gênero, na neutralidade da internet e no controle das armas de fogo.   

A Alemanha sediou a Feira Internacional da Indústria do Turismo na qual mais de 10 mil empresas se reúnem para discutir os últimos acontecimentos no turismo. Entre os participantes havia muitos grupos que atendem viajantes LGBT e que estão buscando “evitar clichês” e se tornar mais inclusivas.

Mais sobre Comércio e tecnologia

Esportes e cultura: No Reino Unido, um grupo anunciou planos para construir o maior museu LGBT do mundo. “Grã Bretanha Queer: O Museu Nacional LGBTQ+” procurará registrar a história complexa das vidas de pessoas LGBTQ+ que historicamente foram “levadas em privado”. O cofundador Joseph Galliano observou:

“As pessoas saíram do armário, agora é hora de sair das margens.”

No Brasil, drag queens e outros/as artistas contestadores/as dos papéis de gênero estão utilizando músicas, apresentações ao vivo e vídeos no YouTube para promover a aceitação da comunidade LGBTQ. 

O drag astro RuPaul deflagrou uma controvérsia ao afirmar que as mulheres trans não seriam permitidas no seu show de sucesso na TV. Em um post no Twitter, RuPaul disse que “lamenta a dor” que causou. Contudo, são muitos que acreditam que seu ponto de vista está desinformado e apaga a história dos/das artistas trans e não-binários/as. À medida que seu show ganha espaço nos canais mais convencionais, com replicação internacional, outras drags de destaque esperam ampliar o debate para incluir mulheres não binárias, trans e cisgênero.

Por último, confira a resenha feita pelo comentarista de programas de TV, Kevin Fallon, sobre a série de desenho animado Family Guy e o “assumir-se” “surpreendentemente matizado e progressista” do personagem Stewie: 

“Há um vaivém entre a angústia infantil e a tortura que vem do medo, não só o medo dos outros conhecerem o verdadeiro você, mas de você conhecer a si mesmo.”

Mais sobre Esportes e Cultura


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"Somos todos diferentes, mas compartilhamos o mesmo espírito humano."

~ O físico mundialmente renomado  Stephen Hawking faleceu aos 76 anos. O Secretário-Geral da ONU António Guterres o homenageou: 

O Secretário-Geral da ONU António Guterres o homenageou: "Stephen Hawking foi uma força cósmica e uma inspiração. Ele nos ensinou os mistérios do espaço sideral e também o potencial interno nosso. A Organização das Nações Unidas perdeu um amigo, e o mundo perdeu um defensor aguerrido da ciência e do bem comum."