Você não precisa aprovar o estilo de vida deles. Não é obrigado, mas você não pode negar que são seres humanos que têm direito à mesma dignidade estipulada em todas as religiões, inclusive o islã. São seres humanos."
~ Ativista malaia de aids e direitos humanos, Marina Mahathir
Da ONU: A Assembleia Geral da ONU aprovou por unanimidade a nomeação da Dra. Michelle Bachelet do Chile como a nova Alta Comissária para os Direitos Humanos. Bachelet foi a primeira Diretora Executiva da ONU Mulheres. Quando jovem adulta, Bachelet foi torturada devido às ligações políticas de seu pai e foi obrigada a se exilar durante o regime Pinochet. De volta ao Chile, Bachelet foi Ministra da Saúde e Ministra da Defesa Nacional antes de ser a primeira mulher eleita como presidente do Chile. Durante seu mandato ela apresentou um projeto de lei para legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo e um projeto de lei para legalizar o aborto em determinadas circunstâncias.
O mundo ficou de luto com o falecimento do ex-Secretário-Geral Kofi Annan em 18 de agosto. O diretor executivo do UNAIDS, Michel Sidibé, refletiu sobre a liderança de Annan no enfrentamento da epidemia de AIDS. Por meio de sua diplomacia franca, Annan fez com que os líderes dos países parassem de negar a AIDSaids e passassem a reconhecê-la como uma ameaça para a segurança global. Entre seus muitos feitos, Annan era conhecido por sua generosidade e por abraçar de coração aberto a diversidade, incluindo profissionais do sexo, pessoas trans, gays e outros homens que fazem sexo com homens, e pessoas que usam drogas:
“Precisamos ser capazes de defender os mais vulneráveis, e se estamos aqui para tentar acabar com a epidemia e lutar contra a epidemia, não conseguiremos se enfiamos a cabeça na areia fizermos de conta que essas pessoas não existem ou que não precisam de ajuda.”
O PNUD e a Rede Transgênero da Ásia-Pacífico (APTN) publicaram um novo relatório “Reconhecimento Legal do Gênero na China: uma revisão da legislação e políticas” que fornece recomendações específicas para facilitar políticas que melhorem o acesso à educação, ao emprego, à saúde e a outros serviços públicos. O relatório é o mais recente de uma série de revisões com enfoque no reconhecimento na Ásia.
HIV, Saúde e Bem-estar: A Tailândia iniciou a ampliação dos programas de PrEP e incluirá a medida com parte dos benefícios da cobertura universal da saúde no país. Enquanto isso, pesquisadores da Tailândia anunciaram os resultados de um estudo que mostram que a PrEP pode ser tomada com segurança por mulheres trans que estão utilizando o estradiol como terapia hormonal feminilizante. O estudo é um dos primeiros a abordar as necessidades das mulheres trans as quais, por muitas vezes priorizarem a afirmação de gênero antes de outros medicamentos, têm ficado fora de pesquisas, diretrizes de saúde pública, e campanhas de promoção do uso da PrEP.
Na Conferência Internacional de AIDS no mês passado, pesquisadores apresentaram os resultados de estudos de avaliação do uso da PrEP em países africanos, incluindo África do Sul, Uganda, Quênia, Zimbábue, e o Reino de eSwatini (antigo Suazilândia). Os estudos mostraram que os participantes se sentiram pressionados a abandonar o tratamento devido ao estigma e à violência ou por medo dos efeitos colaterais. Apesar da resistência, a PrEP continua sendo implementada aos poucos no continente.
Um novo estudo na China mostrou que entre homens gays e outros homens que fazem sexo com homens, a PrEP foi descontinuada na maioria das vezes porque “esqueceram de tomar o remédio” ou estavam “ocupados demais”. Os pesquisadores concluem que intervenções simples na forma de lembretes poderiam ser suficientes para melhorar a adesão nesta comunidade.
A ViiV Healthcare anunciou os resultados da fase 3 de um grande estudo da eficácia de medicação injetável de efeito prolongado para tratar o HIV comparado ao esquema de tratamento padrão de comprimidos diários. O estudo avaliou mais de 600 pessoas HIV positivas em 13 países e mostrou que uma injeção mensal suprimiu o vírus com êxito. Embora o clínico Raphael Landovitz tenha observado que ainda há muitas “questões matizadas” sobre como tomar os medicamentos injetáveis, muitos acreditam que isto vai mudar o rumo do jogo.
Um novo estudo na Indonésia examinou a quebra na cascata do cuidado do HIV entre populações-chave. Mostrou que os locais de testagem que também oferecem tratamento tinham as melhores chances de vincular as pessoas HIV positivas aos serviços de atenção à saúde, e que pacientes mais jovens e com menor grau de instrução tinham menos probabilidade de buscar o tratamento.
Escrevendo nas Filipinas, um fundador da revista Outrage Magazine argumenta que a campanha I=I (indetectável = intransmissível) não vai funcionar no país porque a cascata de cuidado tem falhas demais. Afirma que os locais que oferecem testagem não sabem o que fazer quando o resultado dá positivo, o sistema de seguro saúde do país não cobre os exames básicos necessários para poder iniciar a terapia ARV, e muitos profissionais de saúde continuam estigmatizando as pessoas vivendo com HIV.
Em Gana, um grupo chamado Coalizão Nacional por Direitos Humanos Sexuais e Valores Familiares Apropriados afirmou que 400 pessoas “se renderam voluntariamente” para passar por tratamentos para “curar” a homossexualidade.
Uma investigação realizada pelo jornal The Telegraph descobriu que o Facebook permitiu que publicitários dirigissem anúncios a jovens LGBTQ sobre a assim chamada terapia de conversão. Já a jornalista Chitra Ramaswamy entrevistou pessoas nos EUA e no Reino Unido que sobreviveram às terapias. O jornalista Nico Lang fez uma matéria sobre a confusão quanto à legalidade da terapia de conversão nos EUA, onde apenas 14 estados proibiram a prática.
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Do mundo da política: A entidade intergovernamental Coalizão pelos Direitos Iguais se reuniu no Canadá para sua Conferência Mundial sobre os Direitos Humanos LGBTI e o Desenvolvimento Inclusivo. A Coalizão acolheu Chipre como o 40º membro. Mais de 300 delegados, incluindo representantes da sociedade civil e de agências multilaterais e integrantes da comunidade de 80 países, se reuniram para colaborar e continuar a moldar a Coalizão. A Coalizão compartilhou uma série de modificações concretas que adotou para focar seu programa de trabalho voltado para ação. Entre seus compromissos, a Coalizão afirmou que:
"Compartilhamos a convicção de que políticas e práticas de desenvolvimento inclusivas e baseadas em direitos humanos que respeitem a diversidade ajudam a construir sociedades mais resilientes, prósperas e bem sucedidas."
A chanceler e os ministros da Alemanha aprovaram um anteprojeto de lei que incluirá uma terceira opção de gênero nos registros de identificação. O projeto, que agora será votado pelo parlamento, acrescenta o termo “divers” (diverso) às opções de gênero. Ativistas afirmaram que a lei é uma “oportunidade perdida” sobretudo porque requer que a pessoa tenha diagnóstico médico. Em 2017 a Corte Constitucional decidiu que a identidade de gênero é protegida pela constituição alemã; no entanto, o novo projeto desconsidera a recomendação da corte de que o registro do gênero seja excluído totalmente.
O parlamento do Chile aprovou a Lei de Identidade de Gênero que permite que as pessoas retifiquem oficialmente o nome e o gênero autodeterminado. O Congresso passou cinco anos elaborando a lei e o presidente Sebastián Piñera tem o prazo de 30 dias para vetá-la. Em maio deste ano, a Suprema Corte do Chile decidiu que deve ser permitido que pessoas trans possam mudar o nome e o gênero sem precisar passar por procedimentos médicos.
O Congresso de Honduras aprovou emendas à Lei da Adoção que proíbem especificamente a adoção por casais do mesmo sexo. Ativistas protestaram contras as mudanças desnecessárias, observando que apenas casais que são casados podem adotar no país e que o casamento entre pessoas do mesmo sexo permanece sendo ilegal.
Em Israel, o presidente Netanyahu divulgou uma carta em resposta aos protestos maciços que a comunidade LGBT+ iniciou em todo o país. Os protestos foram motivados por uma nova lei sobre “barriga de aluguel” que exclui os direitos dos casais do mesmo sexo. Netanyahu, que já se pronunciou a favor da “barriga de aluguel” entre LGBT, vem sendo acusado de ter dado uma reviravolta sobre questões LGBT+. Imri Kalmann, ex-presidente da Força Tarefa LGBT de Israel, anunciou que está fundando um novo partido político dedicado a atender os LGBT israelenses.
Em Gana, o presidente Nana Akufo-Addo falou no Sínodo da Igreja Evangélica Global e prometeu que não pretendia “ceder à pressão internacional” e descriminalizar a homossexualidade. Os comentários parecem refletir uma mudança, já que alguns meses atrás o presidente afirmou que a descriminalização era “inevitável”.
No Zimbábue, o grupo LGBTI GALZ está comemorando as eleições realizadas recentemente no país mesmo com os resultados sendo questionados. O diretor do GALZ, Chesterfield Samba, observou que houve uma redução significativa no discurso de ódio e no uso das pessoas LGBTI como “ferramentas de campanha” e “munição para empolgar” comícios. Como a campanha foi menos hostil, mais pessoas LGBTI se sentiram incentivadas a participarem e votarem.
Durante um seminário no Brasil, ativistas, especialistas em HIV, advogados e representantes LGBTI+ de 14 partidos políticos desenvolveram uma Plataforma LGBTI+ Eleições 2018 e se comprometeram a monitorar a mídia e as redes sociais para impedir a disseminação de fake news LGBTIfóbicas.
Nos EUA, o New York Times informou que mais de 400 candidatos LGBT assumidos, um número recorde, estão concorrendo nas eleições. As eleições primárias realizadas recentemente já trouxeram marcos históricos: Christine Hallquist de Vermont é a primeira pessoa trans assumida a ser candidata a governadora por um grande partido. Sharice Davids ganhou a eleição primária no Kansas e, se for eleita, se tornará a primeira mulher indígena americana no Congresso e a primeira lésbica a representar o Kansas. Jared Polis ganhou nas primárias no Colorado e tem possibilidade de ser o primeiro gay assumido eleito governador.
O Departamento do Trabalho dos EUA é mais uma agência federal que emitiu uma diretriz para ampliar a liberdade religiosa. A nova diretriz estabelece que o governo é obrigado a permitir que indivíduos e organizações participem de programas governamentais “sem ter que contrariar [seu] caráter religioso” e cita especificamente a decisão da Suprema Corte sobre a confeitaria Masterpiece Cakeshop relativa a um confeiteiro que se recusou a atender um casal gay. A emissora Bloomberg noticiou que não está claro exatamente como a nova diretriz será implementada. Contudo, Shannon Minter, diretora jurídica do Centro Nacional pelos Direitos das Lésbicas, disse que é “confusa na melhor das hipóteses e que na pior das hipóteses transmite uma mensagem perigosa e falsa de que agora tal discriminação seja permitida”.
Em janeiro deste ano, o Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA anunciou a criação de uma “Divisão de Consciência e Liberdade Religiosa” para proteger profissionais e estabelecimentos de saúde para que não precisem prestar serviços médicos que desaprovam. O The New York Times fez uma matéria sobre a experiência cada vez mais comum de pacientes a quem são negados procedimentos médicos específicos em serviços de saúde católicos. Apenas o Estado de Washington exige que os hospitais publiquem uma relação de serviços não ofertados por motivos religiosos.
Também nos EUA, a Assembleia da Califórnia apreciou um projeto de lei que reconhece os direitos das pessoas intersexo e pede políticas que adiem a realização de procedimentos médicos desnecessários em crianças até que “a criança seja capaz de participar da tomada de decisões”. Se for aprovado pelo Senado, será a primeira legislação desta natureza já que projetos semelhantes não foram aprovados nos estados de Nevada, Texas e Indiana. Em matéria na Rewire, Amy Littlefield examinou em profundidade as questões que estão em jogo para as pessoas intersexo.
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A política e o casamento: A Suprema Corte da Costa Rica decidiu que legislação que proíbe o casamento entre pessoas do mesmo sexo no país é inconstitucional e deverá ser alterada dentro de um prazo de 18 meses. O juiz Fernando Castillo observou que a atual proibição contradiz a decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos de que os casais do mesmo sexo devem ter os mesmos direitos que os casais heterossexuais.
Embora o Yuan Judiciário do Taiwan tenha decidido em maio do ano passado que a proibição do casamento entre pessoas do mesmo sexo era inconstitucional e deu prazo de dois anos para os legisladores para alterar a legislação, a Comissão Eleitoral Central aprovou três propostas de referendos de grupos contrários a LGBTQ que poderiam negar o direito do matrimônio igualitário. Os grupos afirmam que já colheram assinaturas suficientes para incluir os referendos nas eleições de novembro. Ativistas alertam que a comunidade desconhece que o direito ao casamento esteja em jogo.
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Que os tribunais decidam: Nos EUA, um grupo de 16 estados entregou uma petição pedindo que a Suprema Corte determine que as empresas possam demitir empregados com base em sua orientação sexual ou identidade de gênero sem violar a lei federal sobre discriminação no local de trabalho. A Corte já está analisando o caso de uma funerária do Michigan que demitiu uma empregada por ser transgênero. O 6º Tribunal Regional de Apelações dos EUA já condenou a funerária por ter violado o Capítulo VII da Lei dos Direitos Civis que versa sobre a “discriminação sexual”.
Enquanto isso, o confeiteiro da Masterpiece Cakeshop que defendeu perante a Suprema Corte que confeccionar bolos de casamento para homossexuais é contra sua religião, entrou com uma ação na justiça federal alegando que lhe deve ser permitido se recusar a confeccionar para uma mulher trans para a celebração do seu aniversário e por ter se assumido como trans. Em sua ação, afirma que o bolo teria “celebrado mensagens contrárias à sua convicção religiosa de que o sexo — o ser masculino ou feminino — é dado por Deus”.
Na Rússia, Maxim Neverov, de 16 anos de idade, foi condenado por infringir a lei contra propaganda LGBT depois que a polícia alegou que Neverov publicou em sua página numa rede social imagens de jovens masculinos cuja aparência “tinha as características” de relacionamentos homossexuais. A Rede LGBT Russa sugeriu que Neverov foi alvo das autoridades porque já havia dado entrada com pedidos para organizar um evento público pró-LGBT, embora os pedidos tenham sido negados. Neverov, o primeiro menor de idade a ser julgado por esta lei, entrou com recurso.
No Canadá, um homem HIV positivo foi indiciado e preso nos termos da Lei da Saúde Pública sob acusação de não comparecer às consultas médicas e não retirar os medicamentos durante um período de nove meses. A Dra. Reka Gustafson, diretora médica da regional de saúde do litoral de Vancouver, afirmou que é extremamente raro indiciar alguém nos termos da Lei da Saúde Pública e que somente ocorre "em último caso". O homem foi libertado mediante pagamento de fiança e sob a condição de que cumprisse as ordens da Dra. Gustafson.
Sobre a religião: Estimados 750 mil católicos do mundo inteiro se reuniram no Encontro Mundial das Famílias (EMF), realizado este ano durante uma semana inteira na Irlanda. Embora não tenha sido concedido qualquer estande no pavilhão de exposições do EMF para grupos pró-LGBTQ, muitos ativistas católicos LGBTQ e aliados realizaram eventos e protestaram do lado de fora. Mais de mil pessoas assistiram a uma palestra no EMF do padre jesuíta James Martin intitulada "Demonstrando acolhimento e respeito em nossas paróquias às pessoas 'LGBT' e suas famílias".
A ex-presidente da Irlanda, Mary McAleese, fez vários pronunciamentos públicosantes do evento criticando a “ideologia enviesada” da Igreja sobre a sexualidade humana. McAleese pediu que a Igreja aceite a responsabilidade pelos “danos que causa aos jovens LGBTI e aos nossos filhos”.
Já o atual primeiro ministro da Irlanda, Leo Varadkar, que é gay assumido, deu as boas-vindas e se reuniu com o Papa. Na cerimônia de boas-vindas, o discurso de Varadkar refletiu sobre as mudanças nas leis sobre casamento e famílias, incluindo pais e mães do mesmo sexo. Antes Varadkar havia prometido que falaria sobre o abuso sexual por clérigos e sobre a exclusão de LGBT durante seu encontro a portas fechadas com o Papa.
Medo e ódio: A OutRight Action International publicou um novo relatório sobre a capacidade de grupos LGBTIQ de se registrarem e funcionarem abertamente. Por meio de uma pesquisa em 194 países com milhares de organizações, descobriram que apenas 56% permitem que os grupos LGBTIQ possam se registrar legalmente. Entre as implicações, os grupos têm dificuldade em obter financiamento e enfrentam limitações em ajudar a comunidade. Mesmo quando o registro de grupos é permitido, seus funcionários podem ser intimidados e ameaçados com prisão.
Os repórteres Kensaku Ihara e Justina Lee fazem um resumo da “guerra de culturas” e da reação negativa ocorridas recentemente contra os direitos LGBT e incentivadas por autoridades na região da Ásia-Pacífico.
Ativistas na Malásia descreveram como políticos vêm “amplificando” a retórica contra LGBT, resultando em crimes de ódio violentos e em transfobia e homofobia promovidas pelo Estado. Thilaga Sulathireh, da organização Justice For Sisters, comentou: “Estamos sendo atacadas de maneira sem precedentes.” Um de muitos incidentes recentes envolve duas mulheres condenadas por terem tido relações sexuais, com pena de chibatadas e multa. Em meio a protestos internacionais, as autoridades "adiaram" as chibatadas por uma semana devido a "motivos técnicos".
A autora e ativista malaia, Marina Mahathir, pediu mais políticas públicas e educação para desestigmatizar as pessoas LGBT. Comentou que o governo afirmou que é comprometido com os direitos humanos:
"Não se pode simplesmente dividir os direitos humanos, concedendo-os a alguns e retirando-os de outros. As pessoas LGBT são cidadãs e eleitoras."
A polícia nigeriana fez uma batida no Hotel/Centro de Eventos Kelly Ann e prendeu 57 homens acusados de "atividade homossexual". Os suspeitos presos negam a acusação e dizem que estavam participando de uma festa de aniversário.
No Brasil, Marcos Cruz Santana, presidente da Associação dos Movimentos Parceiros e Amigos da Saúde e Direitos Humanos das Minorias Sexuais, foi torturado e assassinado. O colega ativista e presidente do Grupo Gay da Bahia, Marcelo Cerqueira, explicou o aumento nos crimes contra LGBT:
“Estes crimes acontecem devido à impunidade. Depois de detidos, os agressores não ficam na cadeia por muito tempo.”
Na região de Khyber Pakhtunkhwa (KP), no Paquistão, pessoas trans realizaram uma manifestação em protesto à violência contra mulheres trans e à falta de proteção policial em seguida ao assassinato de Sajid urf Nazo. A organização TransAction, que já registrou 479 casos de violência e 8 assassinatos de pessoas trans na região este ano, afirmou: “O silêncio do governo de KP é criminoso e vergonhoso." Em resposta, a polícia prometeu a criação de uma comissão para averiguar suas preocupações.
Na Armênia, nove adolescentes, incluindo o fundador da Iniciativa Armênia Arco-Íris e integrantes da Armênia Cor-de-Rosa, foram atacados violentamente por um multidão de aldeões que gritavam “os gays não pertencem aqui”. Embora a polícia tenha comparecido no incidente, Mamikon Hovsepyan, diretor executivo da Armênia Cor-de-Rosa disse: "Esperávamos algum tipo de pronunciamento ou condenação por parte do governo, mas até o momento não houve nada."
Na Lituânia, a sede do grupo de direitos humanos Liga Gay Lituana (LGL) foi atacada por um incendiário. Em entrevista à lrytas, o gerente de programas Eduardas Platov falou que a polícia não considerou que o ataque foi um crime de ódio. A LGL anunciou a realização de um seminário "Prevenção dos Crimes de Ódio na Lituânia" para as ONGs compartilharem suas experiências e promoverem a cooperação inter-institucional na prevenção dos crimes de ódio.
Ventos de mudança: A Ordem dos Advogados da América publicou um “Guia de Recursos de Enfrentamento à Violência Motivada por Preconceito de Orientação Sexual ou Identidade de Gênero” que relaciona relatórios, caixas de ferramentas, materiais de capacitação e outros documentos disponíveis na internet para o enfrentamento efetivo da violência baseada em orientação sexual e identidade de gênero.
No Líbano, ativistas pretendem aproveitar o potencial da decisão de um tribunal de apelação de que os relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo não deveriam ser criminalizados. Enquanto alguns estão elaborando uma proposição parlamentar para revogar a legislação que os criminaliza, outros esperam fazer face às “leis ambíguas sobre moralidade” que podem ser utilizadas para discriminar e negar serviços às pessoas LGBT.
Embora tenha começado na Alemanha, o hashtag #EuQueer (#MeQueer) viralizou em diversos continentes à medida que as pessoas LGBTQ+ compartilham suas experiências diante de violações e violência. Já o site indiano “How Revealing” pede para a comunidade LGBTQ #RomperOSilêncio (#BreakTheSilence) e compartilhar as experiências de violência sexual.
No Japão, um grupo de pessoas com deficiências ou doenças que as impedem de ter filhos promoveu uma coletiva de imprensa em apoio à comunidade LGBT e condenando a deputada Mio Sugita. Sugita disse que o dinheiro público não deveria ser utilizado para apoiar casais do mesmo sexo porque “estes homens e estas mulheres não procriam — em outras palavras, são ‘improdutivos’”.
Escrevendo para a publicação The Conversation, o pesquisador britânico Dr. Alex Toft explorou os desafios enfrentados por jovens com deficiência que se identificam como LGBT+ incluindo atitudes prevalentes na sociedade e desinformação que banalizam suas experiências.
Na África do Sul, o jornalista Carl Collison explorou como famílias não binárias, queer e trans navegam pelo léxico mutante dos “termos não pejorativos para as pessoas queer nos idiomas africanos”. Khanyi Mpumlwana, fundadora da organização Encontre Novas Palavras, observa que muitas vezes as pessoas dizem que se não é possível dar nome a algo no próprio idioma, então não é algo africano. E o jornal Moscow Times examinou como pessoas russas não binárias e trans estão “inventando suas próprias formas de linguagem” para expressar a fluidez do gênero.
Ambiente escolar: Nos EUA, um menino de 9 anos do Colorado se suicidou aparentemente após ter sofrido bullying dos colegas da turma por ser gay. Fazia apenas quatro dias que Jamel Myles estava de volta à escola depois das férias.
Também nos EUA, duas escolas do Oklahoma foram fechadas por dois dias depois que vários pais postaram ameaças violentas com detalhes contra uma menina trans de 12 anos. As ameaças, postadas na página oficial da regional de educação no Facebook, levaram a manifestações locais a favor e contra os direitos das pessoas trans. Apoiadores iniciaram uma vaquinha para ajudar a família que escolheu se mudar do estado.
Nos EUA, a repórter do Politco, Cailin Emma, entrevistou estudantes trans que formalizaram denúncias junto a funcionários responsáveis pelos direitos civis no Departamento da Educação devido às violações que têm sofrido na escola. Embora o Departamento de Educação tenha descartado muitas das investigações das alegações de estudantes trans, estudantes têm encontrado apoio na justiça.
A organização Mermaids (Sereias), do Reino Unido, compartilhou dicas e recursos para famílias e estudantes trans ingressando em escolas novas e voltando às escolas depois das férias.
Nas Filipinas, líderes dos governos estudantis de sete universidades católicas também pediram para o governo aprovar o Projeto de Lei de Igualdade de Orientação Sexual e Identidade ou Expressão de Gênero (OSIEG). Embora a Câmara tenha aprovado seu projeto OSIEG em 2017, o Senado vem adiando sua versão há vários anos.
Em marcha: A Áustria rejeitou o pedido de asilo de um adolescente gay afegão porque as autoridades disseram que não agia como o “estereótipo típico do gay". O New York Times cita esta frase do documento da decisão que tem 100 páginas:
“Nem seu andar, nem seu comportamento, nem sua vestimenta dão a menor indicação de que você poderia ser gay [...] É evidente que você tem o potencial de ser agressivo, o que não se esperaria de um homossexual.”
A Áustria também rejeitou o pedido de um iraquiano gay de 27 anos. Em entrevista ao The Independent, o homem disse que as autoridades acreditavam que ele "fingia" ser gay e que tentava "parecer menina".
A organização canadense Rainbow Railroad (Estrada de Ferro Arco-Íris) vai abrir um novo centro em Alberta chamado Rainbow Railroad Station para ajudar mais refugiados LGBT a se assentarem na província. Muitos refugiados LGBTQ sofrem discriminação no sistema tradicional de asilo.
Esportes e cultura: O astro egípcio e ex-embaixador da boa vontade do UNICEF Khaled Abol Naga usou o Twitter para reafirmar seu apoio para dos direitos de gays e lésbicas, comentando:
“Gays e lésbicas nascem com tendências românticas dirigidas a pessoas do mesmo sexo e agora isto já foi documentado cientificamente, igual à redondeza da terra. A ignorância sobre estes fatos é o que falta à sociedade para que entenda os que os homossexuais sofrem."
A repórter Shannon Keating examinou o surgimento “meteórico” de “jovens artistas que são queer sem pedir desculpas” que não existiam na adolescência dela:
“O fato de que uma jovem de 19 anos foi capaz de se autodenominar com segurança e desenvoltura um “excelente” exemplo de algo que eu lutei para afirmar com orgulho, me deixou sem fôlego e um pouco enfurecida.”
A cantora Shea Diamond falou para o Buzzfeed sobre como ser uma mulher trans negra tem influenciado a música que ela compõe.
Ativistas e fãs do astro da música pop da Chechênia, Zelim Bakaev, comemoraram o primeiro aniversário de seu desaparecimento. Há fontes que afirmam que ele foi morto durante a caça em massa aos homens suspeitos de serem gays na Chechênia, embora as autoridades neguem as alegações.
A estrela da música pop de Hong Kong, Ellen Joyce Loo, caiu e morreu no que parece ter sido suicídio. Ela deixou sua esposa. Loo defendia a comunidade LGBT+ e a sensibilização sobre saúde mental, a respeito do qual ela havia falado:
“Algumas pessoas acham que sou muito corajosa por ter me assumido; eu acho que a coisa mais corajosa que já fiz foi superar a bipolaridade.”
Confira o vídeo musical "Darling" (還不夠遠), pelo qual ela ganhou o prêmio GoldenMelody do Taiwan.