Da ONU: O secretário-geral adjunto para os Direitos Humanos da ONU, Andrew Gilmour, falou para os participantes no evento “Orgulho e Preconceito”, promovido pela The Economist em três cidades concomitantemente. Em seu discurso, apontou para retrocessos recentes com os direitos LGBT e enfatizou que está sendo disseminada uma falácia de que os direitos LGBT são “valores alheios” e fazem parte de uma “agenda do Ocidente”. Também convocou o setor privado a alavancar seu poder e demonstrar que não tolera a discriminação:
“Como princípio geral, sou a favor das empresas defenderem isso, porque se elas não fazem, não há mais ninguém que possa.”
O UNAIDS promoveu um evento em colaboração com a UN Globe, a UN+ e o grupo suíço Pride@Work (orgulho no trabalho), com palestra magna proferida por Cynthia Weber, professora de Relações Internacionais da Universidade de Sussex. A professora Weber falou sobre como a inteligência artificial e a tecnologia podem gerar novas oportunidades, mas também alertou que representam riscos para a comunidade LGBTI, para a qual a privacidade pode ser de importância vital.
HIV, Saúde e Bem-Estar: A Papua Nova Guiné publicou sua primeira pesquisa abrangente sobre populações-chave, incluindo pessoas trans, profissionais do sexo, gays e outros homens que fazem sexo com homens. A pesquisa, que mostrou que estes grupos muitas vezes não buscam os serviços de saúde ou não fazem o teste de HIV, será utilizada para criar melhores serviços e políticas de prevenção e tratamento do HIV.
Nas Filipinas, grandes organizações comunitárias uniram esforços para a iniciativa “Este/esta sou eu: com coragem e liberdade”, um dia de testagem gratuita e sigilosa de HIV realizada em 10 locais diferentes no país. A expectativa dos organizadores era de que o evento ajudasse a empoderar jovens, mulheres trans, gays e outros homens que fazem sexo com homens a “tomarem iniciativa” para cuidar de sua saúde sexual.
No Quênia, o The Kenyan Star publicou um artigo de opinião de um profissional de saúde que refletiu sobre as enchentes recentes em Kilifi que deixaram milhares de pessoas desalojadas. Algumas vítimas das enchentes foram ridicularizadas porque pediram preservativos como parte da operação de socorro do governo. No entanto, o artigo de opinião argumentou que o pedido mostrou o quão bem sucedido têm sido os esforços de prevenção de AIDS e “aplaudiu os moradores de Kilifi pela coragem em valorizar o papel importante dos preservativos na prevenção do HIV e das ISTs”.
No Reino Unido, a organização STOPAIDS publicou novos dados que destacam as facetas interseccionais da discriminação, do abuso e da violência que têm impacto na capacidade dos indivíduos LGBTI de acessar os serviços de saúde e outros direitos humanos. O informativo fornece estudos de casos e exemplos de boas práticas de várias organizações.
A MD Magazine promoveu um painel filmado de médicos discutindo as terapias mais atualizadas de prevenção do HIV, incluindo novos tipos de PrEP. Nos EUA, o fármaco truvada utilizado para PrEP foi aprovado para uso por adolescentes. Embora alguns médicos já vinham receitando a PrEP para pessoas jovens, a nova autorização facilitará o acesso e a obtenção da cobertura por planos de saúde. Enquanto isso, uma revisão de 17 estudos sugere que à medida que cada vez mais pessoas começam a confiar na PrEP, passam a usar menos o preservativo e se preocupam menos com outras infecções sexualmente transmissíveis. Os autores dos estudos enfatizam que não pode ser atribuída à utilização da PrEP uma correlação direta com o aumento nos casos de sífilis, gonorreia e clamídia; embora a possa ser um fator que contribua.
Um novo estudo sugere que seja necessário ajustar as diretrizes sobre quando e como receitar a PrEP para pacientes novos. Se uma pessoa iniciar a PreP durante o período da janela imunológica na qual o teste de HIV pode dar negativo porque a pessoa ainda não desenvolveu os anticorpos, o medicamento utilizado para a PrEP pode confundir os testes seguintes e causar falsos negativos.
Nos EUA foram atualizadas as Diretrizes para Hepatite C para gestantes, pessoas que usam drogas injetáveis, gays e outros homens que fazem sexo com homens.
Na África do Sul, pesquisadores descobriram que apesar do estigma e da discriminação contra gays e outros homens que fazem sexo com homens nos serviços de saúde em geral, os serviços criados especificamente para este público têm bons resultados e que os homens atendidos nestes programas especializados aderem bem aos esquemas antirretrovirais. Os pesquisadores pediram que tais serviços especializados fossem ampliados.
No Butão, um novo estudo revelou que muitos profissionais de saúde não se sentem à vontade para discutir sobre a sexualidade com os pacientes e que têm pouco entendimento das questões que impactam as pessoas trans, os homens gays e outros homens que fazem sexo com homens. Os profissionais com menos entendimento também demonstraram mais homofobia e medo de serem infectados pelo HIV. A consultora em saúde pública, Dechen Wangmo, pediu mais educação em sexualidade e sensibilização quanto à saúde sexual, com treinamento aprimorado em HIV e saúde sexual masculina.
Nos EUA, um novo estudo publicado na JAMA Psychiatry informou que a legislação que permite negar serviços a casais do mesmo sexo por causa de convicções religiosas ou morais é prejudicial para a saúde mental dos adultos das minorias sexuais. Os pesquisadores utilizaram análises estatísticas que compararam estados que implementaram leis discriminatórias com estados demograficamente parecidos sem tais leis e observaram que as leis discriminatórias foram associadas a um aumento de 46% na proporção de lésbicas, gays e bissexuais adultos com sofrimento mental.
Um novo estudo publicado na AIDS Research and Treatment avaliou o impacto de longo prazo do ativismo em AIDS sobre os indivíduos envolvidos com o grupo ACT UP/Nova York durante seu período de atuação mais intensa (1987 a 1992). Os pesquisadores observaram que 28 anos depois, os participantes consideram seu ativismo como a “mais importante experiência de sua vida” e que “contribuiu dramaticamente para o crescimento positivo”, mesmo quando os participantes expressaram níveis mais elevados de TEPT (transtorno de estresse pós-traumático) e depressão.
Um novo estudo apresentado na Sociedade Europeia de Endocrinologia por pesquisadores da Bélgica sugeriu que os exames de imagem dos cérebros de alguns adolescentes transgênero mostraram atividade mais alinhada com sua identidade de gênero do que com o sexo atribuído ao nascer. A apresentação foi manchete no mundo inteiro, mas muitas pessoas alertam que buscar “provas” da condição transgênero poderia ser danoso para os indivíduos e incentivar os programas de terapia de conversão .
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Do mundo da política: O Canadá anunciou que integrou o Global Equality Fund, um programa que fornece auxílio emergencial a pessoas LGBTQ ameaçadas de violência. Alemanha, Argentina, Austrália, Chile, Croacia, Dinamarca, EUA, Finlândia, França, Holanda, Islândia, Itália, Montenegro, Noruega, Suécia e Uruguai, bem com empresas internacionais, também apoiam o fundo.
Na Moldávia, as embaixadas da Alemanha, Argentina, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Eslovênia, Espanha, Estônia, EUA, Finlândia, França, Holanda, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Noruega, Portugal, Reino Unido, República Tcheca, Suécia e Suíça, assinaram em conjunto uma declaração expressando apoio às pessoas LGBTI da Moldávia e pedindo para o governo permitir manifestações pacíficas. A declaração foi feita dias antes do aniversário da passeata no ano passado na qual participantes LGBTI foram atacados e tiveram que ser retirados. Apenas dois dias depois da publicação da nota, a polícia aumentou a proteção e combateu aqueles que procuravam atacar manifestantes LGBTI pacíficos.
O grupo de trabalho do governo da Indonésia, responsável pela emenda ao Código Penal, anunciou que vai propor a alteração do código para que proíbe "atos sexuais indecentes". Durante muitos meses, a Indonésia vinha considerando a criminalização específica de relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo. Contudo, a presidente do grupo de trabalho, Enny Nurbaningsih, afirmou que "não queriam que a proposta [de lei] criasse uma impressão discriminatória ".
Em Gana, a Coalizão Nacional por Direitos Sexuais Humanos e Valores Familiares Corretos anunciou que vai apresentar ao parlamento um novo projeto de lei para criminalizar a homossexualidade. O líder da coalizão informou a mídia que o projeto de lei, que tem o título "Marco Legislativo Abrangente Baseado em Soluções para Lidar com o Fenômeno Lesbianismo, Gay, Bissexual e Transgênero (LGBT)", será baseado em “pesquisas científicas e empíricas" e proporcionará "soluções para a melhor forma de ajudar os homossexuais e ao mesmo tempo processá-los".
O Senado das Filipinas aprovou um novo projeto de lei para a reforma da Lei de Prevenção e Controle da AIDS das Filipinas de 1998. O novo projeto de lei promete políticas melhoradas para populações-chave, mais educação, e o “aprimoramento” das ações contra a discriminação. A ONG Human Rights Watch elogiou o projeto de lei por sua abordagem baseada em direitos, mas observou que faltou incluir disposições específicas para a promoção do uso do preservativo.
Na Austrália, os governos dos estados de Victoria e Nova Gales do Sul estão atualizando a legislação para permitir que as pessoas casadas possam mudar legalmente de gênero sem serem obrigadas a se divorciar. Os estados e territórios da Austrália receberam o prazo de 12 meses para atualizar a legislação de acordo com o casamento igualitário. O governo federal legalizou o casamento entre pessoas do mesmo sexo em dezembro, após uma votação nacional por correio. Ativistas apontam que alguns estados ainda exigiam esterilização forçada antes de permitir a mudança de gênero.
No Chile, o governo do presidente Sebastián Piñera confirmou que cumpriria compromissos com o avanço dos direitos humanos iniciados pela ex-presidente Michelle Bachelet, incluindo a promoção do casamento igualitário, adoção por casais do mesmo sexo, e outras políticas contra discriminação. Os acordos foram o resultado de uma petição movida pelo Movimiento de Integración y Liberación Homosexual (Movilh) perante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
No Paquistão, pelo menos 13 pessoas transgênero são candidatas nas eleições, incluindo duas candidaturas a cargos na Assembleia Nacional. As candidatas serão apoiadas pela recém-criada “Rede Paquistanesa pela Eleição de Pessoas Trans”. No México, 17 homens cisgênero foram declarados inelegíveis para se candidatar nas eleições porque fingiam ser mulheres trans para poder cumprir uma cota de gênero estabelecida para as eleições.
O único político gay assumido da Polônia, Robert Biedron, continua entre os primeiros colocados para a presidência do país, em terceiro lugar nas pesquisas para as eleições de 2020. Na Turquia, o ativista assumidamente gay e HIV-positivo, Hasan Atik, está concorrendo nas eleições, e se for eleito espera poder continuar educando e lutando pelos direitos de LGBT e das pessoas vivendo com HIV :
“Eu expressarei nosso desejo primordial de viver a vida baseada na cidadania igualitária, e não na discriminação positiva.”
Em Ontário, Canadá, a organização LGBT Fierté Simcoe Pride está incentivando as comunidades LGBT a se envolverem mais nas próximas eleições provinciais. Com esta finalidade, a organização enviou para todos os candidatos um questionário sobre questões LGBT específicas. Enquanto isso, o primeiro ministro Trudeau recebeu o prêmio Egale Leadership Award (Liderança pela Igualdade) por seu trabalho em prol das pessoas LGBTQI2S (lésbicas, gays, bissexuais, trans, queer, intersexo, dois espíritos).
Na Alemanha, o presidente Frank-Walter Steinmeier discursou durante uma cerimônia em homenagem às pessoas LGBT perseguidas pelos nazistas. Durante o discurso, o presidente reconheceu que após a guerra os gays continuavam sendo perseguidos por meio do Parágrafo 175 do Código Penal, que levou à condenação de cerca de 140 mil homens. O Parágrafo 175 somente foi revogado em 1994 e Steinmeier pediu perdão "por todo o sofrimento e injustiça e pelo longo silêncio que se seguiu".
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A política e o casamento: Nas Bermudas, entrou em vigor a Lei da Parceria Doméstica 2018. A lei proíbe o casamento entre pessoas do mesmo sexo, embora os casais que se casaram antes da entrada em vigor da lei continuarão tendo seu casamento reconhecido. A partir de agora, os casais do mesmo sexo somente poderão registrar a parceria doméstica, apesar da decisão da Suprema Corte de Bermudas em 2017 de que é discriminatório proibir a instituição do casamento aos casais do mesmo sexo.
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Que os tribunais decidam: O Tribunal de Apelação de Hong Kong derrubou a decisão inédita de conceder os mesmos benefícios de cônjuge a empregados(as) casados(as) com parceiros(as) do mesmo sexo que os benefícios concedidos aos(às) empregados(as) casados(as) com pessoas do sexo oposto. Hong Kong não reconhece o casamento entre pessoas do mesmo sexo, e a ação original foi movida por um casal que se casou na Nova Zelândia. Os juízes do tribunal de apelação decidiram que o governo tem um "objetivo legítimo" em proteger o casamento tradicional e que a concessão de benefícios de cônjuge abriria precedente para outros benefícios.
Estava programada no Tribunal Superior do Botsuana uma audiência para ouvir argumentos pelo fim das leis que criminalizam as relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo. Contudo, o Legabibo, grupo que está contestando as leis, informou que ainda não foi designado um juiz ao caso e que não se sabe quando terá seguimento.
Um pastor na África do Sul foi condenado por desacato ao tribunal e por violar os termos de uma decisão de 2014 do Tribunal da Igualdade na Cidade do Cabo que o proibiu de fazer comentários anti-LGBT. Ele deve ser multado e pode levar até 30 dias de prisão.
O Tribunal de Igualdade da África do Sul também está se preparando para julgar uma ação movida por uma mulher trans presa em uma penitenciária masculina contra o Ministro da Justiça e Serviços Correcionais e contra o Comissário Nacional de Serviços Correcionais. O tribunal vai determinar se o tratamento recebido viola a Lei da Igualdade.
Na Holanda, o Tribunal Distrital de Limburg em Roermond determinou que documentos oficiais, incluindo certidões de nascimento, devem permitir que os(as) cidadãos(ãs) possam se identificar legalmente como não sendo nem masculinos e nem femininos se assim preferirem.
No Chile, a Suprema Corte decidiu que as pessoas trans podem mudar o nome e o gênero no registro civil sem a necessidade de realização de cirurgia de readequação sexual.
Nos EUA, várias ações diferentes sobre os direitos das pessoas trans estão tramitando nos tribunais. O Tribunal Distrital do Estado da Virgínia decidiu a favor do estudante trans Gavin Grimm que processou a direção de sua escola em 2015 por discriminação sexual porque o proibiu de utilizar o banheiro masculino. No ano passado, a Suprema Corte concordou em ouvir o caso de Grimm, mas em março resolveu não prosseguir e devolveu o caso para o tribunal da Virgínia.
No estado da Pensilvânia, um juiz do 3º Tribunal Regional de Apelações decidiu a favor dos direitos das pessoas trans e contra os requerentes que eram estudantes cisgênero que alegaram que seu direito à privacidade foi violado porque estudantes trans foram autorizados(as) a usar o mesmo banheiro. No estado do Óregon, um grupo chamado Parents for Privacy (Pais pela Privacidade) entrou com processo para impedir que crianças trans possam usar o banheiro, mesmo na ausência de qualquer reclamação dos estudantes das escolas locais. E no estado de Montana, a FamilyFoundation (Fundação da Família) está fazendo um abaixo-assinado para que a população vote sobre uma nova iniciativa que proibiria as pessoas trans de utilizar serviços públicos apropriados para sua identidade de gênero.
Os tribunais dos EUA também estão se preparando para ouvir muitas ações sobre leis envolvendo medidas discriminatórias que impactam as pessoas LGBT, incluindo a possibilidade de demitir funcionários(as) trans, se recusar a prestar serviços a casais do mesmo sexo, a recusa por hospitais de realizar a histerectomia em pessoas trans, e não permitir que casais do mesmo sexo possam adotar ou apadrinhar crianças, conforme reportagem da Associated Press.
Em nome da religião: Na África do Sul, o ex-Decano da Catedral de São Jorge na Cidade do Cabo, Rowan Smith, faleceu após ficar internado por muito tempo depois de fraturar o quadril. Smith, que se assumiu como gay enquanto ainda era Decano, foi um ativista contra a apartheid e apoiava os direitos das pessoas vivendo com HIV e das pessoas LGBTI. O Arcebispo Emérito Desmond Tutu e sua esposa relembraram Smith como sendo “um dos seres humanos mais meigos, gentis, de coração aberto e amorosos que tivemos a felicidade de chamar de amigo e colega”.
A mídia no mundo inteiro reverberou com a notícia de que o Papa Francisco falou com Juan Carlos Cruz, um sobrevivente de abuso sexual por clérigo chileno, sobre a sexualidade de Cruz durante uma reunião privada. Cruz afirma que confessou que é gay e que o Papa respondeu:
“Você tem que ser feliz com quem você é. Deus o fez assim e o ama assim, e o papa te ama assim.”
Embora muitos tenham elogiado os comentários do papa, outros ficaram frustradosque seus comentários não puderam ser falados em público e que o Vaticano se recusou a confirmá-los. Um dia depois, o papa se reuniu em privado com bispos italianos e, conforme confirmado pelo cardeal Gualtiero Bassetti, ele pediu para os bispos vetarem e rejeitarem com cuidado qualquer candidato a padre que suspeitarem ser homossexual.
Na Coreia do Sul, a Consulta Ecumênica sobre Gênero e Sexualidade foi promovida pelo Conselho Nacional das Igrejas na Coreia. As principais igrejas protestantes da Ásia, Europa e América do Norte participantes da consulta elaboraram o documento “Escolhendo a Vida: criando comunidades acolhedoras”,delineando passos concretos para as igrejas coreanas combaterem a discriminação enfrentada por pessoas LGBT na Coreia. Durante a conferência, a reverenda Lizette Tapia-Raquel, do Seminário Teológico Union, nas Filipinas, desafiou os participantes a pensarem no significado da palavra “inclusão”:
“Estamos dizendo que enquanto Igreja, podemos realmente excluir alguém? Não somos nós enquanto Igreja, e sim Deus que acolhe todos nós. Talvez deveríamos mudar nossa linguagem e parar de falar sobre inclusão, e sim começar a falar sobre acolhimento, da forma como Deus acolhe.”
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Ventos de mudança: Uma nova pesquisa da Gallup informa que o número de pessoas entre a população dos EUA que se identificam como LGBT subiu para um nível recorde. Os maiores aumentos apareceram entre os respondentes mais jovens (com entre 18 e 38 anos de idade) e entre as etnias hispânicas e asiáticas.
A ativista e educadora em HIV, Chandi Moore, falou sobre como os jovens estão abraçando mais a diversidade sexual e de gênero, mas alerta que são “tão apáticos quando se trata de qualquer coisa acerca das ISTs e do HIV” e que a educação sobre a prevenção do HIV precisa ser revitalizada.
Na Índia, o repórter Kai Schultz entrevistou gays e pessoas trans em todo o país sobre como a criminalização das relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo impacta a vida deles e sobre seus esforços para contestar a lei.
No Líbano, Saeed Kamali Dehghan conversou com pessoas no Helem, o primeiro centro comunitário para pessoas LGBTQI+ no mundo árabe. O Helem começou como um movimento clandestino e em seguida se ampliou para fornecer recursos e apoio à comunidade, incluindo uma clínica de saúde sexual chamada Marsa. Na Suécia, a cidade de Malmö está se projetando como a “cidade alternativa” e o “coração da vida queer” da região, com um “caldeirão cultural” de comunidades acolhedoras.
A Organização de Pais, Amigos e Famílias de Lésbicas e Gays (PFLAG) da China anunciou que está trabalhando com a Fundação de Assistência Social da China para organizar a primeira fundação do país a ajudar grupos LGBT a captar recursos e “se livrar da influência do financiamento estrangeiro”.
Escrevendo no Slate, Alex Myers discutiu a linguagem em evolução da comunidade trans e a história de seus rótulos. A revista do Reino Unido The Gay UK perguntou para os leitores quando a palavra “queer” seria um rótulo aceitável. E em matéria no Star Observer, Jesse Jone escreveu sobre a importância de permitir que as pessoas abracem os rótulos que melhor combinem com elas.
O editor chefe do AfroPunk, Lou Constant-Deportes, refletiu sobre a masculinidade tóxica e as reações de ódio que tem encontrado em relação à intimidade entre homens. O ativista dos EUA, Adam Eli, escreveu sobre como idealizar e privilegiar certos tipos de corpos ao detrimento de outros pode ser perigoso:
“A comunidade queer não é culpada por existir dentro de uma cultura que tenta condicionar por quem e pelo que temos atração sexual. No entanto, sem dúvida somos responsáveis por manter aqueles padrões de beleza ao colocarmos determinados corpos em pedestais.”
Medo e ódio: Pesquisadores Sonia Corrêa, David Paternotte e Roman Kuhar exploraram "campanhas transnacionais anti-gênero" na Europa e na América Latina. Conforme descrevem, essas "mobilizações espetaculares" formaram alianças improváveis que compartilham um inimigo em comum e utilizam estratégias e linguagem parecidas para fazer oposição aos direitos LGBTI.
Na Rússia, o Projeto de Defesa Jurídica das Pessoas Trans divulgou o novo relatório "Pessoas trans e a sociedade russa" baseado em entrevistas e pesquisas com quase 800 pessoas. Para poder combater a discriminação e violência enfrentadas em casa e em público, os pesquisadores concluem que é preciso criar mais materiais e eventos educativos e de sensibilização direcionados a grupos específicos, incluindo empregadores, profissionais de saúde, forças policiais e operadores do direito, e professores.
A organização australiana, o Conselho de AIDS de NSW (ACON), divulgou um novo relatório com a série histórica dos crimes de ódio contra gays e mulheres trans. O relatório revela uma "onda de violência" entre a década de 1970 e a década de 1990. O presidente executivo do ACON, Nicolas Parkhill, observa que:
“Ao explorar o passado, esperamos aprofundar nosso entendimento desses eventos, o que nos ajudará a melhorar as atuais respostas aos crimes de ódio contra LGBT, aprimorar o sistema de justiça criminal e desenvolver ainda mais estratégias de prevenção de violência."
No Irã, os repórteres Mehdi Fattahi e Nassar Karimi examinaram a relação complicada enfrentada por pessoas trans na República Islâmica onde há 30 anos, o líder xiita Aiatolá Ruhollah Khomeini baixou um decreto pedindo o respeito às pessoas trans. No entanto, como elas mesmas relatam, os iranianos são altamente conservadores e a agressão verbal e física é comum tanto em público quanto em privado.
No Egito, a repórter Jane Arraf conversou com Ahmen Alaa, uma das mais de 100 pessoas encarceradas após uma bandeira do arco-íris ter sido levantada em um show de rock. Alaa descreveu a violência sofrida por ele e sua família e o que o levou a buscar asilo no Canadá.
Na Guiana, Ashley Binetti, do Instituto de Direitos Humanos, refletiu sobre o “ciclo de violência, discriminação e abuso que permeia todos os aspectos da vida” das pessoas LGBT no país.
A Pride in Football (Orgulho no Futebol), uma entidade sem fins lucrativos do Reino Unido, informou a mídia que entregou para a polícia inúmeras ameaças de violência que recebeu que sugerem que qualquer pessoa LGBT que participe da Copa do Mundo na Rússia será “encontrada” e atacada. Apesar das ameaças, o líder de campanha, Joe White, afirmou que pretende carregar uma bandeira do arco-íris no evento—autoridades prometeram isenções da lei russa contra a propaganda LGBT durante os jogos—porque ele quer mostrar que os “torcedores LGBT do futebol existem de fato e, assim como qualquer outro torcedor, fazemos parte válida do jogo”.
Em marcha: Na Austrália, o Departamento do Interior sugeriu que refugiados fossem se disfarçando de LGBTI para pedir asilo. Na Rússia, a organização LGBT Stimul deu entrevista para o Daily Beast sobre como ajuda pessoas a fugirem de países da Ásia Central que estão fazendo uma “caça” aos gays. Nos EUA, uma pessoa trans de Honduras em busca de asilo morreu quando estava detida pelo serviço de Immigrationand Customs Enforcement (ICE) (Fiscalização de Imigração e Alfândega. Ativistas estão pedindo a libertação de todas as pessoas trans detidas pelo ICE.
O período dos eventos do Orgulho deste ano já se iniciou no mundo inteiro. Em Fiji foi realizada a primeira parada do Orgulho de todos os tempos após diversas tentativas anteriores terem sido canceladas. A Coreia do Sul realizou a primeira parada drag em Seul. A Guiana também realizou a primeira parada do Orgulho, lançada com a parlamentar Priya Manickchand pedindo que o presidente David Granger realize "conversas sérias" com a comunidade LGBT.
Na Antártida, funcionários LGBTQ da Estação McMurdo discutiram planos para realizar o primeiro evento do Orgulho no continente. O evento, ainda a ser realizado, foi marcado por uma foto tirada em abril, visto que a Estação ficará na escuridão de maio a agosto. Um dos participantes, Evan Townsend, explicou a imagem e o quão importante é ter representação:
“Só o fato de ter um exemplo de alguém que viaja e que pode ter aventuras como essa teria sido muito importante para mim quando eu era menino, mas é ainda mais importante poder ver que há pessoas queer lá fora que têm orgulho de ser queer e que isso não as impede de forma alguma de viver essas aventuras.”
A revista The Economist realizou pelo terceiro ano sucessivo o “Orgulho e Preconceito”, um evento de 24 horas em Hong Kong, Nova York e Londres, para “desafiar e impulsionar a conversa global” sobre a diversidade e a inclusão LGBT. No evento, a The Economist apresentou um novo relatório sobre o ambiente em transformação em relação à realização e atitudes sobre o advocacy empresarial em apoio dos direitos de LGBT em 87 países.
Ambiente educacional: O governo do País de Gales é o mais recente a anunciar planos para melhorar a educação em sexualidade e relacionamentos nas escolas, incluindo promessas de torná-la mais inclusiva a pessoas LGBT. No Reino Unido, o professor gay assumido, David Gray, lançou uma iniciativa chamada LGBTed para incentivar líderes LGBT nas escolas e educadores LGBT a compartilharem suas experiências. O lançamento coincidiu com o 30º aniversário da Seção 28, a lei britânica sancionada em 1988 que proibia que a administração pública e as escolas “promovessem” a homossexualidade e impedia as prefeituras de financiarem iniciativas LGBT, mesmo no auge da epidemia da AIDS no Reino Unido.
Nos EUA, um diretor e um funcionário administrativo em Óregon foram demitidos e a escola foi multada em 1 mil dólares após uma sindicância encontrar evidências de discriminação sistemática contra estudantes. LGBTQ. Dois estudantes formalizaram uma denúncia junto ao Departamento de Educação do Estado do Óregon com a ajuda da União Americana das Liberdades Civis (ACLU) que documentou a reiterada agressão física e verbal por parte de estudantes, professores e funcionários administrativos.
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Comércio e Tecnologia: A Human Rights Campaign Foundation (Fundação Campanha pelos Direitos Humanos) fez uma parceria com a IBM para lançar uma série de workshops empresariais sobre a inclusão de LGBT na Colômbia, no Chile, no Peru, na Argentina e no México. As oficinas vão compartilhar estratégias e boas práticas para criar locais de trabalho mais acolhedores de funcionários LGBT.
Na Índia, 100 executivos seniores da empresa multinacional Tata, de fabricação de aço, se reuniram na sede da empresa em Mumbai para lançar o WINGS, um novo Grupo de Recursos para funcionários LGBTQ.
Junto com as marchas e celebrações, o período do Orgulho traz consigo bastante comercialização. A campanha Livres e Iguais, da ONU, que vem abordando empresas no mundo inteiro para incentivá-las a adotarem os Padrões Globais da ONU para a Conduta Comercial com LGBTI, anunciou novas parcerias com as seguintes marcas da Gap Inc.: Athleta, Banana Republic, Gap e Old Navy. Já no Reino Unido, a rede de lojas de vestuário Primark foi criticada pela parceria com a entidade sem fins lucrativos Stonewall e seus produtos do Orgulho. Alguns ativistas questionaram por que a marca europeia somente estava doando para uma organização britânica, enquanto outros questionaram a fabricação dos produtos na Turquia e em Mianmar, onde os eventos do Orgulho são proibidos e é crime ser gay.
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Esportes e cultura: Em Querala, Índia, a NDTV fez a cobertura da celebração promovida pelo Departamento de Justiça Social de Querala para o primeiro casamento legalmente registrado de um casal trans de que se tem notícia. A mãe do noivo disse:
"Somos a mãe e o pai, então é claro que vamos apoiar nosso filho. Ela nasceu como filha, mas agora é nosso filho. Mas não é assim que nossos parentes enxergam. Às vezes é muito difícil. Também é nossa expectativa receber o apoio das autoridades da nossa mesquita local com o reconhecimento deste casamento em nossa comunidade."
Utilizando o acervo de filmes Face of AIDS (a Face da AIDS), o cineasta sueco Staffan Hildebrand está elaborando um novo documentário que vai mostrar o ativismo em AIDS ao longo de três décadas e em 50 países.
Ellen DeGeneres e sua esposa Portia de Rossi se reuniram com o presidente de Ruanda, Paul Kagame, para discutir a construção do Campus Ellen DeGeneres que será dedicado ao trabalho da falecida Dian Fossey em Ruanda.
Nos EUA, Johnetta Elzie, líder e ativista de Black Live Matter (as Vidas Negras Importam) e cofundadora da Campanha Zero—uma campanha para acabar com assassinatos cometidos por policiais, discutiu publicamente sua sexualidade pela primeira vez em um texto emocionante. No Japão, a empresária de destaque e autora de best-sellers, Kazuyo Katsuma, se assumiu em entrevista com o Buzzfeed Japan e disse passou a viver com a ativista LGBT Hiroko Masuhara. Kazuyo afirmou:
“Quando conheci Hiroko, o gelo no meu coração derreteu, mesmo tendo levado alguns anos. Espero que esta entrevista quando publicada possa animar alguém e impulsionar uma mudança.”
Por último, confira uma pré-estreia da nova cantata original da Orquestra Sinfônica de Helsingborg intitulada “Bögtåget” (“Trem das Bichas”). O compositor Fredrik Österling criou a peça a partir de um email contendo ódio homofóbico que a orquestra recebeu por tocar músicas de compositores LGBTI.
"Essa ideia de que os homens não podem demonstrar vulnerabilidade, ser delicados, íntimos, etc. é tóxica para todo mundo, incluindo o homens que tentam preservá-la e suprimir suas emoções – o que resulta em expressões nocivas de raiva incontrolável. A homofobia e a misoginia podem ser expressões da masculinidade tóxica."
~ Lou Constant-Desportes