Da ONU: O Especialista Independente sobre Proteção contra Violência Motivada por Orientação Sexual e Identidade de Gênero, Victor Madrigal-Borloz, apresentou à Assembleia Geral seu relatório sobre como leis e normas socioculturais discriminatórias marginalizam e excluem pessoas LGBTI+ e não binárias da sociedade. Madrigal-Borloz enfatizou que o discurso público estigmatizante impulsiona um “ciclo vicioso de ódio contra as pessoas LGBTI+”. Alertou que alguns líderes políticos e religiosos, assim como grupos ultranacionalistas e ultraconservadores, estão descrevendo propositadamente as pessoas LGBTI+ como um ameaça para poder avançar com suas próprias causas. Confira a entrevista dele no Harvard Gazette.
Comemorando o Dia da Visibilidade Intersexo, em 26 de outubro, o Escritório da ONU para os Direitos Humanos divulgou uma nova “Nota de Contextualização sobre Violações de Direitos Humanos contra Pessoas Intersexo”. O relatório se baseia em iniciativas da ONU, campanhas de conscientização do público e Reuniões de Especialistas. Documenta os abusos específicos de direitos humanos sofridos pelas pessoas intersexo e traça um caminho a seguir “para garantir que os direitos humanos das pessoas intersexo sejam respeitados, protegidos e realizados”.
O Banco Mundial publicou um novo relatório sobre a situação socioeconômica das pessoas LGBTI+ na Sérvia. A pesquisa proporciona aos formuladores de políticas e à sociedade civil da Sérvia uma ferramenta para responder às necessidades da comunidade LGBTI+ local. Além disso, os autores observam que a metodologia e a análise estatística utilizadas no relatório podem ser replicadas em outros locais para entender a experiência das pessoas LGBTI+, em comparação com a população em geral.
Em maio deste ano, os Estados-membros da Assembleia Mundial da Saúde adotaram a 11ª revisão da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-11). Uma mudança significativa na CID-11 é a retirada das categorias relacionadas à transexualidade da lista de Transtornos Mentais e Comportamentais. A CID-11 entrará em vigor em 1º de janeiro de 2022—de modo que os Estados-membros têm apenas dois anos para capacitar os profissionais de saúde e implementar a medida em seus sistemas de saúde. O grupo internacional de advocacy, GATE, fez um chamado para indivíduos e organizações fazerem parte de um “Grupo de Trabalho sobre a Despatologização das Pessoas Trans”. O Grupo de Trabalho vai abordar como a mudança na CID-11 vai impactar as pessoas trans e não binárias, incluindo implicações jurídicas, assistência à saúde, e como avançar com a “despatologização”. (A despatologização das identidades de gênero se refere aos esforços para que as identidades trans e outras identidades de gênero não sejam mais associadas à doença ou à “patologia”).
HIV, saúde e bem-estar: Um novo estudo apresentado na IDWeek 2019 avaliou clínicas nos EUA que prestam serviços de saúde em HIV para mulheres trans e homens gays e bissexuais. Ao comparar a frequência da falha virológica (quando a carga viral da pessoa volta a ser detectável) entre pacientes nas diferentes clínicas, o estudo observou que as clínicas comunitárias foram tão eficazes quanto as clínicas hospitalares. Sugeriu que o sucesso estivesse ligado à capacidade de alcançar a comunidade e ter manejo direcionado dos casos.
Na Índia, educadoras comunitárias trans vivendo com HIV estão utilizando um aplicativo chamado “eMpower” para ajudar no aconselhamento de suas colegas vivendo com HIV. Com o aplicativo instalado em um tablet, as educadoras podem visitar outras pessoas trans vivendo com HIV, monitorar seu estado de saúde e orientar sobre comportamentos saudáveis.
Em Uganda, a ativista lésbica e diretora da Organização de Empoderamento das Mulheres da Região Leste, Maria Nantale, deu entrevista para o Guardian sobre como ela alcança a comunidade para educar e testar para HIV. Nantale vai até bares e outros espaços públicos com três enfermeiros, um técnico de laboratório e um aconselhador para chegar a profissionais do sexo, gays e pessoas trans que têm medo de ir até um serviço de saúde.
Em Taiwan, China, a Cidade de Taoyuan sediou o primeiro Simpósio sobre Chemsex da Ásia-Pacífico (APCS), reunindo 200 ativistas em saúde pública, representantes de ONG, formuladores de políticas, profissionais de saúde e representantes de comunidades de sete países para discutirem suas experiências. O Dr. Stephane Wen-Wei Ku do Hospital Municipal de Taipei deu entrevista para a APCOM sobre a prevalência da prática do chemsex na Ásia-Pacífico.
Na Nova Zelândia, uma comissão parlamentar reconheceu que a terapia de conversão poderia causar danos, no entanto recomendou que o governo adiasse a tomada de decisão sobre sua proibição. Uma pesquisa da Universidade de Waikato mostrou que uma em cada seis pessoas trans ou não binárias na Nova Zelândia foi pressionada por um profissional de saúde a mudar a identidade de gênero.
Na China, Darius Longarino descreveu como ativistas LGBTI+ locais estão tentando acabar com a terapia de conversão, incentivando profissionais de saúde mental a afirmar as identidades LGBTI+ de seus clientes. O Beijing LGBT Center, a Gay and Lesbian Campus Association of China, o Wuhan Tongxing, e o Zhuangni LGBT Mental Health Center são apenas alguns dos grupos que estão capacitando profissionais de saúde mental a atuarem com clientes LGBTI+. Como explicou um dos educadores:
“A fala de um psicólogo aconselhador tem muita autoridade. Se você fala que ser gay é doença, é doença. Se você fala que não é doença, não é doença.”
Mais sobre HIV, saúde e bem-estar
Do Mundo da política: Em Uganda, a ministra da saúde, Ruth Aceng, e a ministra da presidência, Esther Mbayo, fizeram declarações condenando as violações dos direitos humanos de qualquer pessoa no país. Aceng acrescentou que deveria ser possível para todas as pessoas buscarem assistência médica sem medo de violência ou discriminação. As declarações foram feitas em seguida a reivindicações de grupos da sociedade civil para que o governo reprove a prisão recente de 16 homens na sede do grupo de apoio LGBTI+ Let’s Walk Uganda. Um porta-voz da polícia disse que a presença de lubrificantes, preservativos e medicamentos utilizados para PrEP foram evidências de “atos sexuais puníveis conforme o código penal”. Antes de receberem liberdade condicional, os homens foram detidos durante quatro dias e foram obrigados a se submeter a exames anais—uma prática sem valor médico, condenada pela ONU como tortura.
A câmara baixa do parlamento da Polônia votou a favor de um projeto de lei que criminaliza a educação em sexualidade, equiparando-a a um comportamento pedófilo. A proposição resultaria em prisão por entre 3 e 5 anos daqueles condenados por “promover ou aprovar a realização de atividades sexuais por menores” incluindo aulas sobre contracepção, prevenção da gravidez, HIV/AIDS, homofobia e identidade de gênero—segundo noticiado pela Oko Press. Embora muitos especialistas tenham feito um apelo para o parlamento rejeitar o projeto de lei, o voto favorável garante que a proposição passará por mais uma comissão.
O parlamento da Índia está prestes a voltar do recesso, e está previsto que a Rajya Sabha (câmara alta) vote o projeto de lei das Pessoas Transgênero (Proteção de Direitos) de 2019. A câmara baixa aprovou uma versão do projeto em agosto, apesar de objeções da comunidade trans. Abhina Aher, diretora adjunta da India HIV/AIDS Alliance, disse que o projeto teve vícios desde o início, visto que sua redação se baseou na legislação australiana sobre pessoas intersexo—levando a confusões quanto a quem se considera pessoa trans. Muitas pessoas trans são contrárias ao projeto atual , porque que cria um processo complicado e medicalizado de reconhecimento do gênero, prevê penas mínimas para violência contra as pessoas trans, e não proporciona qualquer ação afirmativa para moradia, emprego e educação.
A lei histórica de Delitos Sexuais (Perdões e Desconsiderações) da Escócia, para perdoar automaticamente homens condenados nos últimos 150 anos por relacionamentos com pessoas do mesmo sexo—incluindo beijos e paquera—,entrou em vigor.
A Comissão de Mulheres e Igualdades do parlamento do Reino Unido divulgou um novo relatório que mostrou que as pessoas LGBTI+ enfrentam desigualdades “inaceitáveis” nos serviços de saúde e assistência social. O relatório contém várias recomendações concretas para melhorias dentro do Serviço Nacional de Saúde (NHS) para atender melhor a comunidade LGBTI+. A presidente da comissão, deputada Maria Miller, observou que há “bastante boa vontade” para fazer com que os serviços sejam inclusivos, contudo:
“Infelizmente, mesmo a melhor boa vontade do mundo não vai mudar as falhas sistêmicas em áreas como coleta de dados e capacitação, que estão resultando em experiências medíocres no acesso aos serviços, e a desfechos de saúde menos positivos para as pessoas LGBTI+.”
Na Colômbia, a cidade de Bogotá elegeu a ex-senadora Claudia López como prefeita—a primeira mulher e a primeira lésbica assumida a ocupar o cargo. Muitas pessoas consideram que é o cargo político mais influente do país, depois da presidência. Durante o discurso de agradecimento, López comentou:
“Bogotá não vai mudar porque hoje mudou o comando da prefeitura. Bogotá vai mudar de verdade se cada um de nós, começando por mim, resolver ser um cidadão melhor todos os dias.”
Mais sobre o mundo da política
A Política e o casamento: Em Hong Kong, o Tribunal de Primeira Instância decidiu contra uma mulher que buscava o casamento civil ou a união civil com a parceira dela. A mulher argumentou que o governo estava violando seu direito de casar, conforme garantido pelo Estatuto dos Direitos, ao proibir o reconhecimento legal do seu relacionamento. O juiz afirmou que o Estatuto dos Direitos somente se refere ao casamento heterossexual. Concluiu ainda que o governo não tem qualquer obrigação de providenciar arranjos alternativos para casais do mesmo sexo. No entanto, reconheceu que a falta de ação sobre essa questão por parte do governo levaria a mais ações na justiça impetradas por pessoas LGBTI+ contestando casos de discriminação, segundo reportagem da Hong Kong Free Press.
No Japão, membros do grupo de ativismo Marriage for All Japan (Casamento para todo o Japão, na tradução livre para o português) discutiram como o movimento está seguindo o caminho estabelecido por ativistas em Taiwan, que ganharam o direito ao casamento primeiro nos tribunais e depois no legislativo. No Dia dos Namorados deste ano, 13 casais japoneses entraram simultaneamente com ações na justiça, argumentando que têm o direito de se casar. Além de assessorar as ações, o Marriage for All Japan vem promovendo grupos de discussão em todo o país para envolver a população e combater a desinformação.
Pela primeira vez na Coreia do Sul, o presidente Moon Jae-in recebeu o esposo de um diplomata estrangeiro. O embaixador da Nova Zelândia e seu marido, Hiroshi Ikeda, tiveram uma audiência com o presidente e a primeira dama, Kim Jung-sook. Embora ativistas esperem que esta diplomacia possa resultar na aceitação dos cidadãos que vivem maritalmente com pessoas do mesmo sexo, o presidente Moon afirmou que “primeiro há de ter um consenso nacional quando se trata do casamento entre pessoas do mesmo sexo”.
Na Irlanda do Norte, caducou o prazo para o governo se opor ao casamento igualitário e ao aborto. Em julho, a câmara baixa do Reino Unido votou pela extensão desses direitos à Irlanda do Norte se o próprio governo da região não se restabelecesse até outubro (o governo local da Irlanda do Norte desmoronou em 2017, impedindo que qualquer uma das duas questões pudesse ser resolvida.) Agora que o casamento igualitário foi legalizado, as cerimônias de casamento devem começar em fevereiro de 2020.
A Assembleia Nacional do Panamá alterou um pacote de reformas da constituição para incluir uma redação que definiria o casamento como sendo entre um homem e uma mulher. A redação estaria em desacordo com a opinião consultiva da Corte Interamericana de Direitos Humanos de que os estados membros devem reconhecer o casamento igualitário. O Sputnik noticiou que os protestos públicos contra a reforma ficaram acalorados quando o deputado Jairo Salazar Ramirez fez comentários homofóbicos sobre os manifestantes. O legislativo adotará a nova constituição em 2020.
Mais sobre a política e o casamento
Que os tribunais decidam: Em Singapura, o ex-presidente da Suprema Corte, Chan Sek Keong, publicou um artigo pedindo uma revisão constitucional da Seção 377A do Código Penal, que penaliza atividades sexuais consentidas entre homens. Entre seus argumentos, Chan sugeriu que, como a Seção 377A somente se refere a atividades entre homens, viola o princípio da igualdade perante a lei. Inspiradas pela decisão na Índia que derrubou uma lei parecida no ano passado , muitas pessoas em Singapura têm se posicionado contra a criminalização. Três ações diferentes contestando a Seção 377A estão pendentes atualmente na Suprema Corte.
Nos EUA, o Tribunal Distrital do Norte do Texas derrubou a seção da Lei da Assistência a Preços Acessíveis (Affordable Care Act - ACA), que protegia o pacientes LGBTI+ e proibia que profissionais de saúde, serviços de saúde e planos de saúde discriminassem por motivo de sexo, identidade de gênero ou interrupção da gravidez. Um grupo de prestadores e organizações religiosas argumentaram que a seção os obrigava a prestar assistência contra suas crenças. O juiz determinou que as proteções violavam de fato a Lei da Restauração da Liberdade Religiosa, conforme noticiado pelo Medscape e outros. O Departamento de Saúde e Serviços Humanos já propôs revisões para esta seção da lei que acabaria com as proteções específicas por identidade de gênero, conforme noticiado pela NPR. Visto que em ações anteriores houve decisões a favor da proteção da identidade de gênero e da orientação sexual na ACA, muitas pessoas estão prevendo que vá continuar havendo ações na justiça.
Na Hungria, o Departamento de Proteção do Consumidor multou a Coca-Cola Hungary Ltd por publicidade contendo “#LoveisLove” (amor é amor), mostrando casais do mesmo sexo bebendo Coca-Cola. Segundo o Departamento, a empresa infringiu a Lei da Publicidade, que proíbe anúncios que possam “causar danos ao desenvolvimento físico, mental, emocional ou moral das crianças e dos adolescentes”.
Na Jamaica, houve uma batalha jurídica entre o grupo de defesa dos direitos LGBTI+, Montego Bay Pride, e a Prefeitura Municipal de Saint James, liderada pelo prefeito Homer Davis. Começou quando o prefeito anunciou que revogou a autorização para o grupo alugar um espaço no Centro Cultural de Montego Bay. Argumentando que vem utilizando o espaço nos últimos três anos, o fundador do Montego Bay Pride, Maurice Tomlinson, processou a prefeitura e o juiz determinou que o grupo poderia ficar. O prefeito recorreu, afirmando que desejava preservar a “sacralidade” do Centro. O Tribunal de Apelações determinou que o grupo não atendeu aos requisitos burocráticos e não poderá utilizar o espaço enquanto não houver uma avaliação judicial da medida administrativa da prefeitura.
Sobre a religião: Nos EUA, uma professora heterossexual no estado de Indiana foi demitida por postar no Facebook seu apoio para colegas demitidos por serem homossexuais. Ela foi informada que seus posts exibiam “conduta contrária à escola” e que suas ações de advocacy eram “prejudiciais” para a sala de aula. A escola pertence à Arquidiocese Católica de Indianápolis. Em julho, a Arquidiocese obrigou as escolas de denominação católica a demitirem professores homossexuais assumidos, sob pena de perder sua designação “católica” se não cumprissem a ordem. Centenas de estudantes e ex-estudantes realizaram um protesto pacífico, mas mesmo assim a política não foi alterada.
Em entrevista para o IndyStar, vários outros funcionários revelaram que temem repercussões devido aos seus posts nas mídias sociais. Além disso, alguns modificaram o que ensinam para proteger seu emprego:
“Eu tirei do meu currículo qualquer coisa que pudesse ser considerada um tópico politicamente controverso.”
Na África do Sul, o pastor Teboho Klaas, que foi demitido da Igreja Metodista Episcopal Africana por apoiar pessoas LGBTI+ na igreja, recebeu o cargo de volta. Klaas havia sido demitido pelo bispo Paul Mulenga Kawimbe. Contudo, recentemente o bispo foi exonerado sob acusação de improbidade financeira. A igreja readmitiu Klaas e, em seguida, ele desistiu de uma ação na justiça contra a igreja, comentando:
“Isto não significa que não existem desafios, mas pelo menos tem espaço para o engajamento e para as pessoas pararem de hostilizar as pessoas LGBTI+ na igreja.”
Medo e ódio: O jornal The Guardian explorou o aumento da retórica anti-LGBTI+ no Leste Europeu e seu impacto na percepção geral da população quanto às pessoas LGBTI+. Na Polônia, por exemplo, uma pesquisa mostrou que muitos homens com menos de 40 anos de idade acreditam que “o movimento LGBTI+ e a ideologia de gênero” são a maior ameaça que enfrentam no século XXI. Embora parte da população tenha demonstrado apoio para as pessoas LGBTI+, o jornalista húngaro e ativista LGBTI+ Ádám András Kanicsár observou que:
“A horrível comunicação homofóbica acordou a comunidade e fez com que percebesse que agora tem que lutar por seus direitos.”
Em entrevista para a RadioFreeEurope, um gay turcomeno descreveu a violência que sofreu da família e da polícia. No Turcomenistão, atividades sexuais entre homens podem ser punidas com até dois anos de prisão. O homem sobreviveu à violência física, à terapia de conversão, quase foi forçado a se casar, mas compartilhou sua história porque:
"Espero que eu possa me sentir livre [assumindo publicamente que sou gay] ou, pelo menos, que a minha história se torne o primeiro passo na libertação de outras pessoas que são como eu."
No Reino Unido, dados do governo mostram que os crimes de ódio denunciados à polícia na Inglaterra e no País de Gales dobraram desde 2013. Além disso, em 2018, os crimes de ódio contra pessoas trans aumentaram em 37%, e os crimes de ódio ligados à orientação sexual aumentaram em 25%, em comparação com o ano anterior.
Na Jamaica, o Caribbean Policy Research Institute (CAPRI) anunciou que a legislação e a discriminação contra pessoas LGBTI+ têm um custo anual de em torno de $11 bilhões para o país. Afirmou que a hostilidade impacta no turismo e cria um ônus financeiro para os serviços de saúde mental do país. Além disso, o estigma leva a casos não tratados e não diagnosticados de HIV, que também aumentam a pressão na saúde pública.
Nos EUA, um novo relatório publicado pelo Williams Institute mostrou que as pessoas LGBTI+ no país vivenciam mais pobreza que as pessoas heterossexuais cisgênero. Na comunidade LGBTI+, quase uma em cada três pessoas trans e uma em cada três mulheres bissexuais cisgênero se encontram abaixo da linha de pobreza.
Ventos de mudança: O grupo Stop Intersex Genital Mutilations (Acabe com as Mutilações Genitais de Intersexos) realizou manifestações em Genebra para chamar atenção à prática de cirurgias desnecessárias em crianças na Suíça. Em matéria no PRI, Katie Nelson entrevistou ativistas pelos direitos das pessoas intersexo no Quênia—onde o governo anunciou recentemente que as pessoas intersexo serão incluídas no censo nacional. A TeenVogue entrevistou jovens sobre a descoberta de serem intersexo e o que tem significado para eles.
Hans Lindahl, da organização estadunidense interACT: Advocates for Intersex Youth, desmentiu oito mitos sobre pessoas intersexo. Clara Berry, do grupo LGBTI+ irlandês “ShoutOut”, compartilhou dicas sobre como se tornar um aliado melhor da comunidade intersexo. E confira o vídeo da ativista Maria Tridas sobre a história da palavra “intersexo” até ganhar seu atual significado.
Em Taiwan, China, a Conferência de Direitos Humanos LGBTI União Europeia-Taiwan de 2019 foi realizada com mais de 250 estudiosos, ativistas, representantes da sociedade civil e autoridades governamentais de Taiwan e da União Europeia. O presidente adjunto de Taiwan, Chen Chien-jen, abriu o evento pedindo mais diálogo sobre os desafios enfrentados pelas diferentes regiões em relação à igualdade de gênero e à proteção dos direitos humanos. Ativistas locais dizem que temem uma reação negativa contra a comunidade em seguida à conquista histórica do casamento igualitário. Alguns dizem que grupos conservadores já estão destacando sua oposição a cursos contra a discriminação e sobre educação em sexualidade. Enquanto isso, o Focus Taiwan estimou que a Parada do Orgulho (a primeira desde a decisão sobre o casamento) reuniu em torno de 200 mil participantes.
A 10ª cúpula anual One Young World (Um único mundo de jovens) foi realizada no Reino Unido, reunindo líderes mundiais com mais de 2 mil jovens de 190 países. Com participação em painéis, eventos de intercâmbio e oficinas, a cúpula visa ajudar os jovens a “acelerar mudanças positivas”. Entre os tópicos, houve um painel sobre o Futuro do Orgulho LGBTI+, com o presidente da Thomson Reuters Foundation, Antonio Zappulla, o atleta olímpico canadense Mark Tewksbury, a executiva Angela Darlington, do Reino Unido, e o ativista Melusi Simelane, de eSwatini. Depois, Simelane conversou com a Reuters sobre seu trabalho no grupo LGBTI+ Minorias Sexuais e de Gênero de eSwatini e o que mudou desde a realização do primeiro evento do Orgulho no país, no ano passado.
A ILGA-Europa realizou sua 23ª conferência anual na República Tcheca, com o tema Juntos Somos Mais Fortes. A conferência reuniu 600 ativistas da Europa e da Ásia Central em oficinas, discussões e sessões de aconselhamento. Na abertura da conferência, as copresidentas Tuisina Ymania Brown e Luz Elena Aranda observaram:
“Temos que sempre lembrar que nós, enquanto movimento, nunca pedimos nada demais, nunca pedimos novos direitos, nunca tentamos colocar nossas necessidades e direitos acima dos demais cidadãos. Estamos apenas lutando pelo direito humano de sermos aceitos e tratados com igualdade, de existir em paz e harmonia dentro de nossas comunidades. De ser quem somos, de amar quem quisermos. De ter exatamente os mesmos direitos que os demais cidadãos. Nada mais. Nada menos.”
Ambiente escolar: Em matéria na SwissInfo, um jornalista de Taiwan, China, Jason Liu, comparou como escolas suíças e escolas em Taipei ensinam sobre gênero e sexualidade. Liu elogiou escolas de ensino médio e fundamental na cidade de Berna, por chamarem rotineiramente voluntários(as) gays, lésbicas, bissexuais e trans para falar sobre suas experiências diretamente para os(as) estudantes.
Na China, Cui Le conversou com professores(as) universitários(as) gays e lésbicas sobre como abordam questões relacionadas à homossexualidade na academia. Descobriu que, mesmo com a opinião pública tendo se tornado mais tolerante para algumas questões, os(as) professores(as) gays e lésbicas sentem que assumir-se ainda é muito arriscado. Alguns dizem que introduzem questões LGBTI+ de forma indireta para desconstruir estereótipos negativos. Mas como um deles comentou, pode ser difícil manter a fachada quando falam com estudantes ou sujeitos de pesquisa que são LGBTI+:
“Como posso me esconder atrás de uma máscara quando alguém revela sua alma para mim?”
Nos EUA, Andrew Spieldenner, presidente da Coalizão de Pessoas Vivendo com HIV nos Estados Unidos e professor assistente na Universidade Estadual San Marcos na Califórnia, falou sobre a importância de ser transparente com seus estudantes. Gay assumido, vivendo com HIV, filho de pais imigrantes e ex-usuário de drogas, Spieldenner disse que esconder as coisas desenvolve vergonha acerca de “coisas perfeitamente normais”:
“Acredito que é importante ser transparente a respeito de identidades, especialmente as identidades estigmatizadas, sobretudo se temos o privilégio e a posição para poder falar abertamente.”
Esportes e cultura: Do Brasil, a estrela do pop e drag queen Pabllo Vittar vem utilizando sua plataforma para exigir igualdade para os(as) brasileiros(as) LGBTI+ e condenar a violência durante seus shows na parada do Orgulho Mundial, na sede das Nações Unidas em Nova York, e no carnaval do Rio.
Embora relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo ainda sejam ilegais em Singapura, drag queens e outros(as) artistas LGBTI+ estão abrindo o caminho e burlando a censura para criar arte.
Em uma resenha de vários livros novos que examinam a história do mundo drag, o jornalista Hugh Montgomery indaga como o fenômeno cultural RuPaul’s Drag Race se encaixa na evolução do mundo drag. Atualmente, RuPaul’s Drag Race está disponível nos EUA, no Reino Unido e na Tailândia, e logo terá versões no Canadá e na Austrália. A drag queen do Reino Unido Amrou Al-Kadhi indaga se a franquia está mais prejudicial do que benéfica:
“Sobretudo neste momento tóxico, eu acho que precisamos de comunidade e segurança entre as pessoas queer, e não a concorrência..."