Diretamente da ONU: A ONU celebrou o Dia Internacional das Meninas com uma série de atividades, incluindo um debate dirigido por jovens com e lema “Seja ousada - construindo igualdade para meninas.” A discussão destacou a importância da raça, sexualidade e igualdade para todas as meninas e apresentou as experiências daquelas que se identificam como lésbicas, gays, bissexuais, trans, queer, intersexuais ou assexuadas (LGBTQIA), e também meninas negras. Jovens ativistas de todo o mundo também falaram sobre questões de justiça econômica, violência baseada em gênero e equidade menstrual—acesso e acessibilidade financeira aos produtos menstruais, educação em saúde, cuidados reprodutivos e estigma. Confira a discussão agora!
A UNESCO lançou um novo “chatbot” chamado Eli para responder a perguntas em russo sobre amadurecimento, relacionamentos, saúde sexual e mental. A comunicação com Eli é anônima e criptografada para proteger os usuários. O projeto é parte da estratégia global da UNESCO para empoderar meninas e meninos, com informações sobre saúde, usando tecnologias inovadoras para divulgar a educação sobre o HIV.
Pela primeira vez, 34 países e 8 ONGs enviaram uma declaração conjunta ao Conselho de Direitos Humanos, pedindo que o órgão aborde as violações dos direitos humanos contra pessoas intersexuais. Eles exigiram que os governos defendam a autonomia de adultos e crianças intersexuais, oferecendo proteção das práticas violentas e prejudiciais, investigando os abusos e revertendo as leis discriminatórias. Enquanto as pessoas ao redor do mundo celebram o “Dia da Consciência Intersexo” em 26 de outubro, confira os novos recursos e aprenda como apoiar melhor a comunidade.
O especialista independente em orientação sexual e identidade de gênero, Victor Madrigal-Borloz, apresentou à Assembleia Geral da ONU suas conclusões sobre o impacto da pandemia de COVID-19 nos direitos humanos da população LGBT+. O relatório foi elaborado a partir de discussões com pessoas de mais de 100 países e demonstra como a resposta à pandemia teve um impacto desproporcional nas pessoas LGBT+, aumentando a violência e a exclusão social. Com exemplos específicos de governos que fizeram progresso no combate a esses impactos negativos, o relatório recomenda instruções específicas a serem incluídos em uma resposta à pandemia baseada em direitos humanos. Confira o resumo explicativo sobre o relatório!
O UNAIDS lançou um novo guia de referência que usa a experiência acumulada no combate ao estigma e discriminação relacionados ao HIV para informar os países sobre a interseccionalidade do estigma relacionado ao HIV e à COVID-19. Recomendações específicas baseadas em evidências se encontram categorizadas por contextos comunitários e familiares, contextos de trabalho e educação, acesso a serviços de saúde, contexto de justiça e contexto de emergência ou humanitários. Confira mais notícias da ONU!
HIV, Saúde e Bem-estar: Na conferência online HIV2020 (de julho a outubro), a organização holandesa sem fins lucrativos Aidsfonds lançou um novo relatório sobre o financiamento de programas relacionados ao HIV para populações-chaves em países de baixa e média renda. O estudo conclui que embora homens gays e bissexuais, pessoas trans, profissionais do sexo e pessoas que injetam drogas sejam responsáveis por mais da metade de todas as novas infecções, há uma “lacuna impressionante” no financiamento, pois programas para esses grupos receberam apenas 2% de todo a verba relacionada ao HIV.
Um novo estudo publicado no jornal Clinical Infectious Diseases descobriu que os testes de auto-amostragem para infecções por clamídia e gonorreia eram tão precisos quanto aqueles realizados por profissional de saúde. Embora o estudo avalie o auto-teste em um ambiente clínico, os resultados sugerem que a triagem para essas ISTs poderia ser feita em casa para reduzir custos e evitar o estigma associado. Nos últimos anos, as taxas de sífilis e gonorreia dispararam em todo o mundo, fazendo com que a OMS pedisse uma “discussão mais honesta” sobre este assunto.
No Reino Unido, uma clínica particular que oferece serviços de saúde e bem-estar para a comunidade trans foi forçada a interromper o fornecimento de receitas médicas para pacientes depois de ser alvo de cobertura negativa da mídia. O PinkNews reuniu as matérias contra a população trans que tinha como foco a clínica, GenderGP, assim como a entidade de caridade juvenil Mermaids e a farmácia Clear Chemist. Esses grupos ajudaram pessoas trans a encontrar tratamento fora do National Health System (sistema público de saúde, na tradução livre para o português), por meio do qual os pacientes podem enfrentar listas de espera de 3 a 4 anos para obter consultas no serviço de identidade de gênero. A AFP informou que, com a COVID-19, a lista de espera está crescendo “exponencialmente” a cada mês com tempos de espera “desumanos.”
Em um texto para o jornal Evidence-Based Mental Health (Saúde mental baseada em evidências, na tradução livre para o português), especialistas argumentaram que a telemedicina poderia ser uma opção importante para aumentar o acesso à saúde para pessoas trans, especialmente durante a pandemia de COVID-19. A pesquisa descobriu que uma a cada quatro pessoas trans na Itália passou por interrupções moderadas ou graves em seus cuidados de saúde. Indivíduos que puderam acessar seu tratamento hormonal por meio da telemedicina tiveram melhores condições de saúde mental do que seus pares, apesar os efeitos da pandemia.
O International Journal of Transgender Health (Jornal Internacional da Saúde Trans, na tradução livre para o português) publicou uma pesquisa sobre pessoas trans na Coréia do Sul e descobriu que a transfobia internalizada estava significativamente relacionada aos sintomas depressivos e à probabilidade de tentativa de suicídio. O Cureus Journal of Medical Science publicou o primeiro estudo de caso de um homem trans paquistanês. Os autores observaram que é “imperativo” que estudantes de medicina aprendam mais sobre as necessidades específicas de pacientes trans.
O Journal of Emergency Nursing (Jornal da Enfermagem de Emergência, na tradução livre para o português) publicou um novo texto descrevendo importantes considerações sobre saúde para que profissionais de saúde devem estar cientes ao tratar pessoas trans em contextos de emergência. Os autores enfatizaram que as enfermeiras costumam ser fundamentais com a ligação dos pacientes e os cuidados - especialmente as pessoas trans de minorias raciais e étnicas.
Nos Estados Unidos, pesquisadores publicaram no jornal PLOS One o primeiro estudo nacional sobre adultos intersexo. Mais de 50% das pessoas participantes relataram saúde mental regular ou ruim, enquanto 61% disseram que tiveram diagnóstico de depressão em algum momento e mais de 30% contaram que já tentaram suicídio. O coautor, Dr. Jason Flatt, observou:
“Não estamos dizendo que sabemos a causa e não podemos responder sobre isso, mas o objetivo é mostrar que esta comunidade está passando por uma grande disparidade de saúde. Por que não podemos fazer mais por essas pessoas e envolvê-las em pesquisas?”
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Mundo da Política: O Parlamento do Conselho da Europa adotou um novo relatório intitulado “Upholding human rights in times of crisis and pandemics: gender, equality and non-discrimination" (“Defesa dos direitos humanos em tempos de crise e pandemias: gênero, igualdade e não-discriminação”, na tradução livre para o português) O estudo observa que o impacto socioeconômico de COVID-19 provavelmente terá efeitos de longo prazo, especialmente para as pessoas LGBTI e outros grupos que frequentemente dependem da economia informal. Embora reconheça governos por alguns de seus esforços para proteger a saúde pública, a pesquisa condena uma “abordagem do tipo tamanho único” que não considera as necessidades específicas de diferentes grupos no guarda-chuva do arco-íris.
O Conselho da Europa também anunciou que vai realizar uma “missão remota de apuração de fatos” sobre a situação das pessoas LGBTI + na Polônia após relatos alarmantes sobre ataques e discriminação. Uma delegação vai se reunir com autoridades locais e representantes de várias ONGs. Os municípios que representam cerca de um terço do país se declararam “zonas livres de LGBT.”
Durante a 35ª Reunião de Altas Autoridades sobre Direitos Humanos do MERCOSUL, a Folhapress informou que o Brasil vetou um plano de ação de direitos humanos porque propunha a criação de um “registro de crimes de ódio e discriminação por identidade de gênero e orientação sexual.” O plano foi apoiado pela Argentina, Uruguai e Paraguai. Os especialistas observaram que isso vai contra a decisão do Supremo Tribunal Federal no ano passado, de que a homofobia e a transfobia deveriam ser proibidas. Vários grupos brasileiros da causa LGBT divulgaram uma declaração conjunta, classificando o veto como “deplorável.”
China: o Congresso Nacional do Povo fez uma emenda na Lei de Proteção de Menores para incluir, pela primeira vez, “educação sexual apropriada para menores e melhorar a conscientização sobre autoproteção e a capacidade de prevenir agressão e assédio sexual” providenciada pelas escolas e creches, de acordo com a Reuters. As escolas devem oferecer o novo currículo até 2021.
Rússia: a Comissão de Atividade Legislativa rejeitou um conjunto de emendas ao Código da Família apresentado por senadores conservadores que visavam “fortalecer a família”. As propostas iniciais incluíam medidas para proibir pessoas trans de se casar, adotar filhos ou adequar seus respectivos gêneros. Segundo a agência de notícias Tass, a maioria das objeções às emendas dizia respeito a mudanças feitas nos serviços sociais que poderiam colocar as crianças em perigo.
França: A Ministra da Igualdade de Gênero, Élisabeth Moreno, anunciou um novo plano de ação nacional para a igualdade de direitos e contra a discriminação da população LGBT+. O plano tem 42 medidas concretas que serão implementadas ou mantidas em saúde, educação, família, esportes e trabalho. Alguns alertam que os planos de ação foram lançados anteriormente em 2016, mas a França continua caindo no ranking de países amigos da causa LGBT.
O principal partido político da Dinamarca, o Social Democrats, propôs planos para ampliar a legislação visando uma proteção maior das pessoas trans em relação ao discurso de ódio, incluindo os conceitos de identidade, expressão e características de gênero. No entanto, a diretora do Departamento de Direitos Humanos, Lousie Holck, e alguns outros temem que a mudança viole o direito à liberdade de expressão.
Itália: no verão europeu, a Comissão de Justiça finalmente aprovou o projeto de Lei Zan– que tem como objetivo prevenir contra homofobia, transfobia e misoginia–depois que houve um acordo com organizações feministas para aprofundar a expressão “identidade de gênero.” Desde a aprovação do projeto, as pessoas se manifestaram a favor e contra, com os partidos de oposição argumentando que seria um ataque à liberdade de expressão. Líderes da oposição tentaram atrasar a votação completa do projeto— dizendo que a pandemia os impede de ir ao Parlamento e se recusaram a votar remotamente. Alessandro Zan (autor do projeto) condenou a demora:
“A lei está sendo atacada. Para mim, é inaceitável usar a emergência de COVID-19, que é real, para adiar uma lei que a Itália espera há 25 anos, uma lei da civilização que protege as pessoas de um clima de ódio que está crescendo neste país.”
Filipinas: o prefeito da cidade de Zamboanga assinou a Portaria Abrangente da Antidiscriminação após dois anos de debate. A medida oferece proteção para pessoas com base na orientação sexual, identidade e expressão de gênero, raça, etnia, religião, estado de saúde e outras categorias. A vereadora Lilibeth Nuño refletiu sobre o esforço para se chegar a um consenso sobre a portaria:
“Perseveramos e suportamos as críticas. Sim, retaliamos. Mas retaliamos com educação. Nós os fizemos entender nosso propósito e o que significa estar no lugar dos oprimidos.”
Em todo o mundo, as questões LGBT+ e os candidatos abertamente LGBT+ estão avançando nas eleições. Na Bélgica, Petra De Sutter se tornou uma das sete vice-primeiras-ministras—tornando-a a política abertamente trans de mais alto cargo da Europa, conforme relatado pela Reuters. Após a eleição na Nova Zelândia, o jornal Australian informou que terá a maior porcentagem de membros abertamente LGBT+ do parlamento em qualquer lugar do mundo.
Em um texto para o LRT, Simonas Bartulis avaliou como os partidos políticos lituanos fizeram campanha favoráveis e contrárias às questões LGBT. No primeiro turno de votação, seis partidos conquistaram assentos no Parlamento. A organização National LGBT vê a divisão como uma oportunidade para negociar a melhoria dos direitos. Entre os candidatos que ganharam uma vaga no primeiro turno de votação, está Tomas Vytautas Raskevičius, um homem abertamente gay e membro do Partido Freedom, que prometeu se concentrar na legalização de casais do mesmo sexo, reconhecimento de gênero e no fim das leis de censura contra a causa LGBT.
Romênia: o Il Grande Colibri falou com Antonella Lerca, a primeira mulher abertamente trans a se candidatar a cargo público no país. Embora Lerca não tenha conseguido obter assinaturas suficientes para seguir em frente nesta eleição, explicou que é importante construir uma rede de apoio aos grupos mais marginalizados do país.
Em Mianmar, onde a atividade sexual entre pessoas do mesmo sexo é criminalizada, Myo Min Tun é o primeiro homossexual a concorrer a uma vaga na assembleia regional. Ele concedeu uma entrevista ao Myanmar Times, falando sobre o que o levou a se tornar uma figura pública e um dos candidatos mais jovens (aos 39):
“Como sou uma pessoa comum, vejo pessoas comuns sofrerem todos os dias.”
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Políticas da União: o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, sancionou uma emenda na Lei de União Civil, impedindo que os funcionários dos cartórios se recusem a realizar casamentos do mesmo sexo. Também exige que cada escritório do Departamento de Assuntos Internos tenha uma pessoa oficial disponível para solenizar uma união civil. Os casamentos do mesmo sexo e uniões cíveis foram reconhecidas na África do Sul em 2006; entretanto, os profissionais encarregados podem se recusar a realizá-las por qualquer motivo.
EUA: dois juízes da Suprema Corte se opuseram à decisão histórica de igualdade no casamento de 2015, dizendo que ela ameaça a liberdade religiosa, de acordo com fontes como NPR, AP e outras. A declaração de quatro páginas dos juízes Thomas e Alito foi divulgada como parte dos comentários escritos sobre um caso relacionado a um ex-secretário do condado de Kentucky–ele teria se recusado a emitir licenças de casamento para casais do mesmo sexo. Muitos expressaram indignação com as declarações, temendo que possam reverter a igualdade no casamento. O professor de Direito de Yale e autor, William Eskridge, ponderou:
“É alarmante que juízes na Suprema Corte queiram anular Obergefell, que é um precedente sustentado pelo tribunal, que centenas de milhares de casais confiaram para selar suas uniões em matrimônio.”
O Chile ainda debate um Projeto de Lei de igualdade no casamento apresentado pela ex-presidente Michelle Bachelet em 2017 (Bachelet é a atual Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos). Embora pouco progresso tenha sido feito desde que foi apresentado pela primeira vez, a Comissão Constitucional do Senado aprovou recentemente metade dos artigos do PL após o debate contencioso. Enquanto isso, a La Tercera informou que o presidente Sebastián Piñera pediu aos ministros de seu comitê político que revisassem novamente a posição do governo.
A Inter-American Court of Human Rights – IACHR (Corte Interamericana de Direitos Humanos, na tradução livre para o português) pediu ao Panamá que adaptasse a legislação para reconhecer a igualdade no casamento, alinhando o país com o posicionamento da IACHR 2017 de que todos os direitos aplicáveis aos casais heterossexuais devem ser estendidos aos casais do mesmo sexo. A Suprema Corte do Panamá ouviu vários casos sobre a constitucionalidade do código de família que restringe o casamento. No entanto, não emitiu qualquer decisão. Manifestantes favoráveis e contrários à igualdade no casamento realizaram manifestações na Suprema Corte. Enquanto isso, a Conferência Episcopal do Panamá (a união de bispos católicos do país) emitiu uma declaração reiterando seu apoio exclusivo a uniões heterossexuais.
O Tribunal Constitucional do Peru vai realizar um debate privado sobre um caso relacionado à igualdade de casamento. Esse caso começou há mais de dois anos, após uma carta aberta assinada por mais de 50 advogados, ativistas e professores que buscavam uma decisão. O caso atual foi movido por Óscar Ugarteche, que visa a homologação da justiça peruana de seu casamento, realizado no México. O La República documentou o esforço de mais de 20 anos de alguns legisladores para introduzir as uniões civis ou a igualdade no casamento para uniões LGBTIQ+.
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Que as Cortes Decidam: o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (ECHR) decidiu que a polícia da Geórgia humilhou deliberadamente ativistas LGBT+ quando os forçaram a tirarem suas roupas. Em 2009, a polícia invadiu os escritórios do grupo LGBT+ Inclusive Foundation sem um mandado e foi agressiva com os membros. A decisão unânime concluiu que o comportamento policial foi “totalmente impróprio”, sendo “motivado por ódio homofóbico e/ou transfóbico.”
Indonésia: o Tribunal Militar de Semarang condenou à prisão e demitiu um oficial acusado de fazer sexo com um subordinado do mesmo sexo. A decisão veio logo depois que o chefe da Câmara Militar do Supremo Tribunal Federal - o Major-General Burhan Dahlan - declarou que os soldados LGBTIQ deveriam ser removidos do Exército Nacional (TNI). O jornal Surya Tribune News informou que os militares vão adotar três etapas para afastar os soldados: proibir o comportamento sexual “desviado”; enfatizar a promessa de lealdade das Forças Armadas; e enviar uma equipe cibernética para monitorar o comportamento dos soldados. A atividade sexual entre pessoas do mesmo sexo não é ilegal no país, mas algumas províncias a criminalizam de acordo com as leis islâmicas locais. Embora não sejam totalmente criminalizadas, as pessoas LGBT frequentemente são alvos com a utilização de leis relacionadas à pornografia e ao tráfico sexual.
A Human Rights Watch relatou que um tribunal argelino condenou 44 pessoas, a maioria delas estudantes universitários, sob acusações de relações entre pessoas do mesmo sexo, indecência pública e “sujeitar outros ao perigo ao violar as medidas de quarentena relacionadas à Covid-19.” As pessoas foram presas durante uma batida policial em uma residência privada no verão. A polícia acusou o grupo de se envolver em um “casamento gay.”
Em Eswatini (Suazilândia), o Tribunal Superior deve decidir se é ilegal defender os direitos da comunidade LGBTI e se a discriminação com base na orientação sexual e identidade de gênero é contemplada pela constituição, de acordo com o Eswatini Observer. O Tribunal debateu o caso de Eswatini Sexual and Gender Minorities (ESGM) contra o governo, que se recusou a registrá-los como uma organização. O governo argumentou que a ESGM não deveria ser reconhecido porque as relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo são ilegais. A entidade argumenta que o registrador está violando os direitos de integrantes de se associar e se expressar livremente. Além disso, ela pondera que existe uma distinção entre defesa da comunidade e a atividade sexual entre pessoas do mesmo sexo.
Nigéria: um tribunal indeferiu o caso contra 47 homens acusados de infringir a lei do país contra a conduta sexual entre pessoas do mesmo sexo. Os homens foram presos durante uma batida em uma festa de aniversário privada em 2018. A Reuters relatou que os promotores não tiveram sucesso em várias tentativas de apresentar testemunhas. O juiz Rilwan Aikawa anunciou que havia “falta de ação penal diligente” e encerrou o caso.
Sobre Religião: no novo documentário “Francesco”, o Papa Francisco fala sobre cuidados pastorais das pessoas LGBT. Na filmagem, o Papa reiterou o apoio à comunidade LGBT, apresentada como filha de Deus que “têm direito a uma família” e afirmou:
“O que temos que criar é uma lei da união civil. Dessa forma, a comunidade é legalmente atendida.”
A Reuters conversou com ativistas católicos LGBT+ e esses expressaram sentimentos contraditórios em relação ao posicionamento do Papa. Alguns temiam que isso atrasasse a campanha pela igualdade no casamento, criando uma alternativa separada e desigual para os casais. Muitos elogiaram a evolução do Papa como um “momento histórico” que poderia ser uma “virada de jogo internacional”. Tuisina Ymania Brown e Luz Elena Aranda, co-secretárias da ILGA World, reforçaram a tentativa contínua de líderes conservadores e religiosos a utilizar pessoas LGBT+ como “bodes expiatórios” , visando ganhos políticos em todo o mundo. Elas observaram que as palavras do Papa deveriam ser seguidas por ações:
“Respeito não pode ser uma questão de escolha. Precisa ser sobre todos os aspectos de nossas vidas, não apenas sobre o direito às nossas famílias e nossos relacionamentos pessoais, mas também sobre todos em nossas comunidades. Por muito tempo, a Igreja tem estado, na melhor das hipóteses, silenciosa quando nossas comunidades são atacadas ou tem contribuído ativamente para os próprios ataques.”
A Academia de Líderes Católicos fez uma live com líderes do México, Espanha, Peru e Itália, na qual reafirmou que as uniões do mesmo sexo não são aprovadas pela Igreja. Os palestrantes concordaram que o Papa estimula que as pessoas não marginalizem os outros devido à sua sexualidade. No entanto, eles sugeriram que suas palavras poderiam ser mal interpretadas. (Assista o debate em espanhol).
Alemanha: o bispo Heinrich Timmervers, de Dresden-Meißen, falou sobre o uso do documento “Amoris Laetitia” (A alegria do amor), feito pelo Papa em 2016, para orientar a expansão do cuidado pastoral para cristãos gays e trans. O bispo Timmervers também estimulou que a Igreja Católica encontrasse uma maneira de abençoar casais do mesmo sexo.
Em uma publicação na Jewish Telegraphic Agency, Josefin Dolsten observou como os judeus queer estão incorporando práticas ortodoxas de pureza familiar em seus casamentos, ainda que a maioria das comunidades ortodoxas rejeite relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo. Dolsten observa que, para alguns judeus LGBTQ praticantes, existe um poder em encontrar maneiras de participar de práticas que definiram a vida doméstica judaica por milhares de anos. Leana Tapnack explica:
“Tive de lamentar um número considerável de sonhos quando eu aceitei minha identidade gay. À medida que me tornei mais confiante com o fato de ser gay, queer e religiosa em meus próprios termos, passei a pensar: por que eu deveria lamentar coisas que não precisaria e assuntos que posso reivindicar e possuir?”
Medo e Repúdio: a ILGA World lançou sua terceira edição do relatório “Trans Legal Mapping” que detalha como a legislação afeta a comunidade trans em todo o mundo. Treze países ainda criminalizam a existência de pessoas trans, vários outros têm como alvo as pessoas trans aleatoriamente, usando uma série de leis, ao passo que os direitos estagnaram ou regrediram em outros paíss. No entanto, o estudo observa que houve “progresso firme”. O coautor Zhan Chiam explicou a importância de examinar as nuances dessas leis:
“As realidades vividas por pessoas trans em todas as regiões do mundo não podem ser aprendidas olhando apenas para as leis e casos, mas ganhando confiança, fazendo contato e descobrindo como essas leis são aplicadas às comunidades.”
Nigéria: os protestos contra a unidade policial “SARS, the Special Anti-Robbery Squad (esquadrão antirroubo especial, na tradução livre para o português) aumentaram e ganharam atenção internacional, já que muitas pessoas se opõem à brutalidade policial generalizada. A Initiative for Equal Rights (Iniciativa para a igualdade de direitos, na tradução livre para o português) conduziu uma discussão com Olúmidé F Mákànjúọlá sobre como a polícia tem como alvos “LGBT suspeitos” para violência e extorsão. Em um texto para a Out, o ativista nigeriano não-binário Matthew Blaise explicou por que a luta contra a brutalidade policial é tão importante para pessoas queer, que são perseguidas, assediadas e agredidas de maneira arbitrária por sua sexualidade e gênero.
Um novo estudo da openDemocracy descobriu que grupos cristãos dos Estados Unidos gastaram mais de USD 280 milhões para financiar campanhas contra a agenda LGBT+ e os direitos reprodutivos em todo o mundo desde 2007. Neil Datta, chefe do Fórum Parlamentar Europeu para Direitos Sexuais e Reprodutivos, reforçou:
“Esta é uma forma de interferência em nosso sistema político e judicial que é tão prejudicial aos direitos humanos quanto a intromissão russa em eleições democráticas.”
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Ventos da Mudança: o Global Equality Caucus está lançando sua nova série de eventos digitais com conversas sobre "Legisladores pela Igualdade LGBT+". Seis reuniões regionais serão realizadas, reunindo funcionários eleitos e outros líderes da Oceania, América Central e do Sul, Europa, Ásia, América do Norte e o Caribe e África. Inscreva-se para participar ou assista ao vivo!
O artista polonês Daniel Rycharski discutiu seu projeto social “Family Care”, no qual ele conseguiu que gays vivessem e trabalhassem para fazendeiros rurais no início da pandemia de COVID-19. O projeto, patrocinado pelo Museu de Arte Moderna da Polônia, teve como objetivo ajudar as pessoas a encontrar um terreno comum e dissipar o “mito de que o campo é intolerante”. Rycharski explicou que o projeto conecta a sociedade polonesa:
“Esse projeto cria uma nova família por um tempo, em que os agricultores adotam pessoas LGBT. Mostramos que as divisões que temos em mente criadas pela mídia e pelos políticos em relação à sociedade polonesa são falsas.”
Índia: Anjana Shekar falou com membros do primeiro centro integrado residencial e de subsistência do país, uma fazenda de laticínios administrada por mulheres trans. A cooperativa trans 'Milk Producers' foi criada com a colaboração do oficial local Sandeep Nanduri e da ativista trans Grace Banu. A terra de dois acres sustenta 85 pessoas trans e tem produzido diariamente de 250 a 280 litros de leite desde julho. Confira o vídeo sobre a fazenda!
Estados Unidos: a advogada e autora Shana Knizhnik explicou por que está se “assumindo” publicamente como uma pessoa intersexo. Em um texto, ela compartilha suas lutas na juventude até a aceitação das suas identidades sexuais e de gênero. Knizhnik explica como ativistas de movimentos raciais, de gênero e sexualidade permitiram que ela vivesse sua verdade completa e observa:
“Apesar da natureza aparentemente traumática da minha trajetória pessoal, o reconhecimento da história ao longo da minha jornada de autodescoberta e o processo de afirmação me permitiram ver além dos modelos binários limitantes e das normas sociais prescritivas, possibilitando uma perspectiva mais íntima de como tais conceitos socialmente construídos como raça, classe, gênero e sexualidade perpetuam sistemas de privação de direitos que ainda não foram desmantelados.”
Saiba mais sobre as Ventos da Mudança
Esportes e Cultura: A Pride House Tokyo Legacy, a Human Rights Watch e a Japan Alliance for LGBT Legislation (Casa do Legado do Orgulho de Tóquim Observatório dos Direitos Humanos e Alianca Japonesa para legislação LGBT, na tradução livre para o português) lançaram uma nova petição, na qual pedem ao país que aprove uma lei de igualdade LGBT para entrar em vigor até os Jogos Olímpicos de Tóquio (2021).
Enquanto isso, membros do Intergrupo LGBTI do Parlamento Europeu se manifestam contra a decisão de realizar os Jogos Europeus de 2023, evento organizado pelos Comitês Olímpicos Europeus, na Polônia. Os jogos acontecerão em Cracóvia e na região adjacente de Malopolska. Liz Barker, do Parlamento do Reino Unido, resumiu as objeções:
“Como a região de Malopolska, na Polônia, se declarou uma zona livre da população LGBT, não é mais adequada para sediar este evento.”
A ILGA-Europa concluiu seu Gathering Online 2020, uma semana de discussões sobre as questões maiores que afetam as comunidades na Europa e na Ásia Central. Confira este vídeo emocionante de ativistas ao redor do mundo, refletindo sobre o futuro dos movimentos LGBTI. Nán Russell salientou que o caminho a ser trilhado precisa de todos nós juntos:
“O mundo nos causa muitos danos, mas nós também causamos muitos danos a nós mesmos e não somos muito bons em resolver os problemas em nossa comunidade. E isso começa com ao dizer me desculpe e o que posso fazer para tornar as coisas melhores?”