Olhar para a Igualdade: 24 de setembro de 2020

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Diretamente da ONU: Durante a 75ª sessão da Assembleia Geral da ONU, o grupo central LGBTI da ONU, um grupo trans-regional informal de Estados-Membros das Nações Unidas – promoveram o evento “Uma construção melhor – como criar um círculo virtuoso para a inclusão de todas as pessoas LGBTI” (na tradução livre para o português). Assista à discussão do painel, moderado por Jessica Stern, da OutRight Action International, que abordou formas sobrepostas e interseccionais de opressão que pessoas LGBTI enfrentam, por causa de raça, gênero, economia, fé, idade, deficiências, cultura e outros fatores. Ao falar sobre o motivo de tais discussões serem importantes para desenvolvimento, Phyll Opoku-Gyimah, diretor-executivo da Kaleidoscope Trust e co-fundador da UK Black Pride, refletiu:

“A COVID-19 é um exemplo horrível do que acontece quando você retira a abordagem interseccional do seu trabalho ou quando, na verdade, você nunca a teve.”

 

O UNAIDS lançou um apelo para que os governos fortaleçam os sistemas de proteção social para pessoas vulneráveis, especialmente aquelas que são frequentemente excluídas, como homens gays e bissexuais, pessoas trans, profissionais do sexo, mulheres e meninas, além de outras populações-chave. O programa observou que a pandemia de COVID-19 terá “impactos catastróficos potenciais” sobre as pessoas que vivem com HIV. “Sistemas de proteção social” são conjuntos de políticas e intervenções definidos nacionalmente para garantir que as pessoas tenham acesso a cuidados essenciais de saúde e a segurança de renda básica.

 

Neste semestre, o especialista independente em orientação sexual e identidade de gênero, Victor Madrigal-Borloz, apresentou ao Conselho de Direitos Humanos um relatório sobre sua visita à Ucrânia. Ele observou que há uma negação generalizada da existência de pessoas LGBT no país, permitindo que atos violentos sejam cometidos impunemente e obrigando que as pessoas LGBT se escondam. Veja a conversa recente com os ucranianos para saber mais! (conteúdo em inglês).

 

A enviada para a juventude do Secretário-Geral da ONU, Jayathma Wickramanayake, anunciou a nova turma de Jovens Líderes pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) —um grupo de 17 pessoas entre 18 e 29 anos de todo o mundo que estão “construindo um futuro mais sustentável e inclusivo para todas as pessoas". A seleção acontece a cada dois anos e as pessoas selecionadas têm a tarefa de trabalhar em conjunto para envolver jovens e ajudar a alcançar os ODS. Pela primeira vez, uma ativista LGBTQI foi incluída na seleção: Martin Karadzhov é uma ativista queer feminista búlgara e é Presidente do Comitê Diretor da Juventude Mundial da ILGA.

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HIV, Saúde e Bem-estar: a AIDSmap relatou dois casos em que a PrEP falhou em evitar que pessoas contraíssem o HIV, apesar da aparente adesão à medicação. Em seu relatório para o jornal Clinical Infectious Diseases, pesquisadores observaram que, devido às implicações na saúde pública, nas ocasiões extremamente raras em que a PrEP falha, é importante avaliar cuidadosamente o conjunto de circunstâncias que a causaram.

 

Pesquisadores na Holanda avaliaram de que forma a PrEP afeta a saúde mental. Publicado no jornal The Lancet, o estudo observou homens gays e bissexuais que tinham problemas de saúde mental ao iniciar a PrEP. Embora o quadro de depressão não tenha mudado significativamente durante o uso da medicação, pesquisadores notaram uma diminuição significativa na hipersexualidade e no uso de drogas. Ainda que mais pesquisas sejam necessárias, notou-se que a PrEP pode ser uma oportunidade única para integrar os cuidados de saúde mental.

 

Em Uganda, profissionais de saúde e ativistas para populações-chave formaram uma “coalizão de preservativos” para trabalhar em colaboração com o governo para desenvolver uma nova estratégia para preservativos que incluirá a melhoria do acesso a esses itens. Alice Kayongo, da AIDS Healthcare Foundation, disse que preservativos precisam ser uma ferramenta de estilo de vida, não um símbolo de adultério ou promiscuidade.

 

A Public Health England (PHE) relatou que entre 2018 e 2019 houve um aumento de 26% nos casos notificados de gonorreia e de 10% na sífilis em todo o Reino Unido. Os casos de clamídia, gonorreia e sífilis foram mais altos entre gays que vivem com HIV e homens que fazem sexo com homens.

 

Na US 2020 STD Prevention Conference (conferência de prevenção de ISTs dos Estados Unidos), especialistas em saúde pública debateram sobre os altos índices de infecção de gonorréia e sífilis em todo o país. Embora tenham diminuído momentaneamente durante as regras do toque de recolher no início da primavera norte-americana, os casos voltaram a crescer durante o verão do país.

 

A Oxford Library of Psychology (biblioteca de psicologia da Oxford) lançou uma nova revisão abrangente da pesquisa sobre a saúde mental das minorias sexuais e de gênero. Os capítulos incluem tópicos negligenciados por pesquisas anteriores, incluindo questões de raça, imigração, gênero não-binário, pessoas assexuais, pansexuais e poliamorosos.

 

Nos EUA, a Universidade de Columbia promove o lançamento virtual do “Handbook of Critical Menstruation Studies” (Manual de estudos críticos de menstruação, na tradução livre para o português) - uma avaliação multidisciplinar e inclusiva de gênero dos aspectos culturais, psicológicos, políticos e sociais da menstruação. No lançamento, editores, pesquisadores e outras pessoas colaboradoras fornecerão ideias sobre o livro, que está disponível através de acesso aberto.

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Mundo da Política: o Global Equality Caucus—uma rede internacional de parlamentares e representantes eleitos—formou uma nova parceria com o Google para hospedar uma série de eventos digitais que reúnem legislativo, sociedade civil e pessoas da comunidade para discutir questões comuns que afetam as pessoas LGBT + na região. O primeiro evento contará com palestrantes da Austrália, Nova Zelândia e ilhas do Pacífico.


A Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, falou ao Parlamento Europeu e condenou os Estados-Membros que “diluíram” as mensagens da política externa da União Europeia sobre direitos humanos. Ela chamou a atenção especificamente para o partido no poder da Polônia, que tem como alvo a "ideologia LGBT", inclusive com municípios que se declaram "zonas livres de LGBT". Ela comentou:

“Ser você mesmo não é sua ideologia. É a sua identidade. Então, serei bem clara – zonas livres de pessoas LGBTQI são zonas livres da humanidade. E isso não têm lugar em nossa união.”

 

Na abertura da sessão parlamentar de Barbados, a Governadora-Geral, Dame Sandra Mason, anunciou que removerá a Rainha Elizabeth (do Reino Unido) do posto de chefe de estado e Barbados se tornará uma república até novembro de 2021. Mason prometeu que as mudanças garantirão que nenhuma pessoa no país sofrerá discriminação. Como parte disso, o governo realizará um referendo público sobre a questão do reconhecimento de uniões civis de pessoas do mesmo sexo. Embora não tenha mencionado leis que criminalizam atos sexuais entre pessoas do mesmo sexo, ela salientou:

“Uma sociedade tão tolerante como a nossa não pode se permitir ser incluída na lista de abusos dos direitos humanos e civis ou de discriminação por causa do nosso tratamento da sexualidade e relações humanas. Meu governo fará a coisa certa, compreendendo que isso também atrairá polêmica.”

 

No Equador, a Assembleia Nacional aprovou o “Código Orgánico de Salud” (Código Orgânico de Saúde, na tradução livre para o português) que consolida mais de 40 leis e reformas relacionadas ao sistema de saúde do país. O COS garante o acesso à saúde para todas as pessoas de forma universal e integral, conforme relatou El Comercio. O COS inclui ainda serviços abrangentes de saúde sexual e reprodutiva, proteção para pessoas intersexo e reforça a proibição da terapia de conversão. Nove organizações religiosas e contrárias ao aborto exigiram que o presidente Lenín Moreno vetasse artigos sobre contracepção, emergências obstétricas e educação em saúde sexual.

 

O governo de Belize anunciou que não vai considerar o Projeto de Lei da Igualdade de Oportunidades (EOB), após violentas reações e protestos liderados por líderes religiosos sob a campanha "Mate o Projeto de Lei". Liderada pela Comissão Nacional de AIDS de Belize, as consultas sobre o EOB estão em andamento há mais de um ano para desenvolver um projeto de lei que atenderia uma ampla gama de pessoas. No entanto, a falta de informação tem atormentado as discussões. O primeiro-ministro Dean Barrow observou:

“Em geral, o gabinete sentiu que este é um bom projeto de lei, além de ser necessário. O PL está atrasado e o gabinete ficou muito aborrecido por ter que tomar a decisão de não prosseguir com ele.”

 

Na Rússia, comissões parlamentares se reuniram para discutir o pacote de projetos de lei apresentados para “fortalecer” a família. Anunciaram que serão realizadas audiências públicas para debater mudanças, tais como emendas que proíbem o casamento do mesmo sexo e casamentos com pessoas trans, adoções por casais do mesmo sexo e pessoas trans, além da proibição de mudanças de gênero nas certidões de nascimento. A Novaya Gazeta conversou com pessoas trans que poderiam sofrer consequências, como casamento anulados, seus filhos retirados ou identidades legais apagadas.

 

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, assinou um decreto estabelecendo que pelo menos 1% dos empregos no setor público deveriam ser preenchidos por pessoas trans. A pessoa trans está elegível para o cargo, mesmo que ainda não tenha registrado mudança de gênero ou nome. O decreto reconhece que existem barreiras educacionais para pessoas trans e garante a elas treinamento para atender aos requisitos de trabalho.

 

No Reino Unido, após vários anos de consulta para alterar a Gender Recognition Act (Lei de Reconhecimento de Gênero, na tradução livre para o português), o governo anunciou que a “legislação é correta”, segundo a BBC e outros meios de comunicação. O governo irá reduzir o custo para solicitar um Certificado de reconhecimento de gênero; no entanto, as pessoas ainda precisarão obter um diagnóstico médico e passar por um longo processo, incluindo um painel de 4 juízes e 4 médicos que avaliarão cada solicitação. O grupo de políticas públicas Stonewall chamou a situação de “falha chocante na liderança”, especialmente porque “os tempos de espera pelos serviços de identidade de gênero cresceram mais do que nunca, os crimes de ódio contra a população trans triplicaram e o bullying anti-trans continua endêmico em nossas escolas.”

 

De acordo com a Human Rights Watch (Observatório de Direitos Humanos, em tradução livre para o português) o governo da Tanzânia adotou novos regulamentos que criminalizam uma ampla gama de postagens na mídia e nas plataformas online, incluindo tópicos politicamente sensíveis e aqueles que “promovem a homossexualidade.” A HRW descobriu que as autoridades estão reprimindo cada vez mais os partidos da oposição, os grupos criados para monitorar as próximas eleições e grupos que trabalham com pessoas LGBT.

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Políticas da União: Na Índia, o Supremo Tribunal do país aceitou uma petição que, segundo a Lei do Casamento Hindu, deveria ser permitido qualquer casamento de um casal hindu, independentemente do sexo. O caso está sendo apresentado pela ativista intersex Gopi Shankar, pela ativista trans G Oorvasi, pela ativista lésbica Giti Thandi e pelo escritor Abhijit Iyer Mitra. Atualmente pendente na Suprema Corte de Kerala encontra-se uma petição para reconhecer o casamento entre pessoas do mesmo sexo sob a Lei de Casamento Especial—a lei secular que se aplica a casamentos fora da fé hindu.

 

No Supremo Tribunal de Hong Kong, o juiz Anderson Chow Ka-ming emitiu duas decisões que impactam casais do mesmo sexo. Ele expandiu os direitos gradativamente ao determinar que uma pessoa de um casal gay, casado no exterior, pudesse herdar os bens do parceiro após a morte. No entanto, ele rejeitou uma ação judicial mais ampla solicitando que o governo reconhecesse os casamentos do mesmo sexo realizados no exterior. Chow classificou a tentativa de alcançar o reconhecimento igualitário como "ambiciosa demais" e "fundamentalmente falha", pois poderia haver casos em que seria apropriado reter certos direitos de casais do mesmo sexo.

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Que as Cortes Decidam: 
juíza da Suprema Corte dos EUA, Ruth Bader Ginsburg, faleceu de câncer pancreático aos 87 anos. Ginsburg foi um ícone progressista na garantia de igualdade no casamento, direitos trabalhistas para pessoas trans, casos de equidade de gênero e direitos reprodutivos. Muitos pleitos importantes serão afetados com a escolha da pessoa para substituí-la, incluindo o próximo caso para determinar se as agências de acolhimento familiar podem recusar casais LGBT e outros que “contrariam” as crenças religiosas de uma agência.

 

O mais alto tribunal da França, o Cour de Cassation, decidiu que uma mulher trans não pode ser legalmente reconhecida como mãe biológica de um filho que concebeu com sua esposa. Ela foi legalmente reconhecida como mulher três anos antes de seu filho ser concebido, no entanto, o tribunal disse que ela deveria ser o pai biológico da criança ou adotar seu próprio filho como a segunda mãe, segundo o Le Parisien.

 

Reino Unido: um tribunal trabalhista de Birmingham decidiu que as proteções contra a discriminação estabelecidas pela Lei da Igualdade incluam pessoas não-binárias e de gênero fluido. O juiz decidiu contra a empresa Jaguar Land Rover, que argumentou que a lei não cobria uma pessoa não-binária da equipe por não ter havido a transição. O tribunal disse que estava claro que “gênero é um espectro” e que, “além de qualquer dúvida”, a pessoa colaboradora está amparada pela lei.

 

Grécia: o tribunal da Kallithea aprovou o reconhecimento de uma pessoa não-binária pela primeira vez, segundo o Antivirus.

 

Uganda: uma audiência sobre a tortura de 20 pessoas jovens presas de um abrigo LGBT em março foi adiada porque nem os oficiais envolvidos, nem o Magistrado Principal que ouviria o caso, estavam presentes. A HRAPF, organização em busca de justiça, disse que solicitará uma nova audiência, e pedirá mandados de prisão para os funcionários que desconsideraram a intimação do tribunal.

 

O Tribunal Federal Suíço manteve a decisão do Tribunal de Arbitragem de que as atletas do sexo feminino devem tomar medicamentos para reduzir a testosterona naturalmente alta. A atleta Olímpica Caster Semenya, que levou o caso a diante, prometeu continuar lutando pelos direitos humanos das mulheres atletas:

“Estou muito decepcionada com essa decisão e me recuso a permitir que o atletismo mundial me drogue ou me impeça de ser quem eu sou. Excluir atletas do sexo feminino ou colocar nossa saúde em risco apenas por causa de nossas habilidades naturais coloca o atletismo mundial no lado errado da história.”

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Sobre Religião: O Papa Francisco teve um encontro com La Tenda di Gionata, a organização italiana de pais com crianças LGBT. O grupo contou ao Pontífice sobre as lutas que pessoas católicas LGBT têm enfrentado. A Religión Digital informou que o Papa reiterou que “[A Igreja] ama seus filhos como são, porque são filhos de Deus.”


A Conferência Episcopal Polonesa apresentou um documento de 27 páginas com sua posição sobre sexualidade, pessoas LGBT+ na Igreja Católica e educação sexual. O documento reitera vários dos sentimentos contrários à temática LGBT que estão sendo espalhados atualmente em todo o país, incluindo oposição ao casamento do mesmo sexo, rejeição da chamada “ideologia de gênero” e das pessoas trans e apela para que as clínicas ajudem que as pessoas “"recuperem a orientação sexual natural", segundo a TVN24 e outros.

 

Em um comunicado, o European Forum of LGBT Christian Groups  e a Global Interfaith Network for People of All Sexes, Sexual Orientations, Gender Identities and Expression (Fórum Europeu de Grupos Cristãos LGBT e a Rede Inter-Religiosa Global para Pessoas de Todos os Sexos, Orientações Sexuais, Identidades de Gênero e Expressão, na tradução livre para o português) disseram estar "profundamente indignados" com o fato de bispos endossarem a terapia de conversão. Ao elogiar bispos por condenarem qualquer violência contra pessoas LGBTI+, eles salientaram:

“Claramente, eles não apreciam a violência da posição que assumiram sobre a orientação sexual e identidade de gênero, nem a crueldade inerente associada a práticas como terapia reparadora ou de conversão. O Fórum Europeu e o GIN-SSOGIE estão especialmente preocupados com a segurança da população trans, já que a declaração episcopal, entre outras coisas, nega a pessoas trans sua identidade, obrigando uma retomada do chamado ‘nome morto’ caso desejem ser batizados.”

 

Kodo Nishimura, um monge budista da seita Jodo do Japão, falou sobre sua nova autobiografia: "Fair and open: I can live as the person I wish to be" (Justo e aberto: posso viver como a pessoa que desejo ser, na tradução livre para o português) e ainda ressaltou como sua fé apoiou sua autodescoberta.

 

Tailândia: Shine Waradhammo, um monge budista da seita Theravada, falou sobre seu apoio à comunidade LGBT+ e porque é importante que os monges se envolvam:

“Os monges geralmente evitam falar sobre questões LGBT e de gênero, mas deveremos tratar de questões que afetam a sociedade. Os ensinamentos religiosos deveriam refletir os tempos atuais - caso contrário, a religião se torna um dinossauro.”

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Medo e Repúdio: a polícia da Indonésia fez uma batida numa chamada “festa gay”, promovida nas redes sociais como uma “reunião de homens para promover a independência.” A polícia deteve 56 pessoas em um apartamento e prendeu os nove identificados como organizadores do evento, segundo o Coconuts Jakarta e outros meios de comunicação. Os homens foram acusados ​​de acordo com a legislação contra pornografia e leis relacionadas a tráfico sexual. Eles encaram 15 anos de prisão. A Civil  Society Coalition for the Protection of the Rights of Vulnerable Groups (Coalizão da Sociedade Civil para a Proteção dos Direitos dos Grupos Vulneráveis, na tradução livre para o português) ​​disse que as acusações eram inadequadas e criticou a polícia por abusar da lei:

“O estado não deve usar a lei criminal para atingir certos grupos. A polícia não deveria justificar formas de obter provas que violem os direitos dos suspeitos.”

 

De acordo com grupos de direitos humanos na Tunísia, um influenciador de mídia social está liderando uma campanha de discurso de ódio contra ativistas queer. Os grupos assinaram uma carta aberta no Instagram e no Facebook para apoiar as diretrizes da comunidade, rejeitar o discurso de ódio e tomar medidas imediatas. Esse episódio faz parte de uma série de incidentes envolvendo redes sociais no Norte da África e no Egito que têm como alvo pessoas LGBT+. Homens gays e bissexuais marroquinos foram alvo de influenciadores das redes sociais no primeiro semestre. Vinte e dois grupos de direitos humanos no norte da África e no Oriente Médio exigiram que o Facebook tomasse medidas contra o discurso de ódio depois que um conhecido ativista cometeu suicídio em junho.

 

Em uma publicação na Science, Vaishnavi Chandrashekhar explorou como o estigma prejudica a eficácia das intervenções de saúde pública. Ela comparou a história da hanseníase, HIV e outras epidemias com o surto atual de COVID-19 e examina como o estigma pode ter um efeito agravante sobre outros tipos de preconceito, exacerbando a desigualdade. Mitchell Weiss, antropólogo que estuda a área médica destacou que isso não é impossível:

“Trazer a atenção para a existência de estigma permite que as pessoas procurem áreas nas quais possam fazer o seu sistema funcionar de forma mais eficaz.”

 

A Rede Lésbica & Trans iraniana, chamada 6rang, divulgou um novo relatório sobre a violência enfrentada por pessoas LGBTI. Durante um período de três meses, participantes sofreram violência física, verbal e sexual em ambientes educacionais, por parte da polícia e de outras autoridades, de estranhos e de colegas. No entanto, apesar das experiências frequentes, 68% raramente ou nunca procuraram ajuda legal e 66% raramente ou nunca procuraram cuidados de saúde mental.

 

A agência nacional de estatísticas do Canadá divulgou novas descobertas de uma pesquisa nacional realizada em 2018 sobre segurança em espaços públicos e privados, que apresenta um quadro preocupante para as minorias sexuais. Em um período de 12 meses, LGBTs e outras minorias sexuais tiveram quase três vezes mais probabilidade da agressão física ou sexual do que os heterossexuais e 59% passaram por situações de agressão pelo menos uma vez desde os 15 anos de idade. De forma geral, as pessoas desse grupo também passaram por situações sexuais indesejadas em público e no trabalho.

 

Na Rússia, Victoria Odissonova conversou com pessoas LGBT + desesperadas para sair do país, mas que se encontram presas devido às restrições em função da COVID-19. Desde 2017, a Rede LGBT russa ajudou quase 200 pessoas, quando oficiais da Chechan se dirigiam às pessoas suspeitas de serem LGBTQ com tortura e execução.

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Ventos da Mudança: uma coalizão de ativistas LGBTQI+ lançou o North Africa Center for Strategic Partnerships - NACSP (Centro Norte da África para Parcerias Estratégicas, na tradução livre para o português) para apoiar a colaboração entre stakeholders na Mauritânia, Marrocos, Argélia, Tunísia, Líbia, Egito e Sudão.

 

Na Sérvia, o IDEAS e o Centro de Informações para Gays e Lésbicas lançaram um novo site para ajudar as pessoas LGBT+ no combate à discriminação no local de trabalho com assistência jurídica gratuita e serviços de aconselhamento. Eles colaboraram com o artista Dušan Kaličanin para encorajar as pessoas LGBT+ a buscarem apoio.

 

Na China: o grupo “LGBT Rights Advocacy China” lançou uma plataforma online gratuita de assistência jurídica com mais de 40 advogados e advogadas que prestam consultas e ações de apoio de emergência. O grupo ajuda pessoas com situações relacionadas à COVID-19, questões de identidade de gênero, emprego, privacidade, casamento e direito matrimonial e comum, entre outras questões.

 

O governo do Canadá lançou um novo programa de subsídios - o Fundo para a Igualdade. A iniciativa fornecerá financiamento direto para os direitos das mulheres e organizações feministas. O fundo está incentivando pedidos de grupos liderados por mulheres, meninas, pessoas não-binárias e representantes de organizações de mulheres LGBT.

 

O grupo “SOGI Campaigns” organizou um painel para explorar o modo como ativistas LGBTQI+ podem usar o storytelling para inspirar ações. Joel Bedos, coordenador do comitê do Dia Internacional contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia, moderou a discussão com ativistas proeminentes da Nigéria, China, Venezuela e Rússia. Acompanhe a conversa motivadora deles no YouTube.

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Educação: o jornal Moscow Times confirmou com os administradores distritais de São Petersburgo que professores foram instruídos a monitorar as redes sociais de estudantes em busca de “símbolos LGBT”. O grupo de direitos LGBT Network postou capturas de tela de mensagens enviadas a professores, nas quais eles eram orientados a pesquisar nas páginas de estudantes e enviar relatórios detalhados à polícia.

 

O Ministério da Educação da Nova Zelândia anunciou novas diretrizes sobre educação sexual e de relacionamento que incluem respeito pelo nome escolhido por estudantes e identidade de gênero. As diretrizes, criadas por meio de diálogos com povos indígenas e grupos LGBT+, têm material adequado à idade. Os pais podem escolher que seus filhos não participem.

 

Em New South Wales (Austrália), o Conselho Legislativo está considerando a Emenda do Projeto de Lei à Legislação Educacional (Direitos dos Pais) que proibiria a “ideologia da fluidez de gênero” de ser discutida nas escolas. A análise da Equality Australia concluiu que o projeto de lei proíbe currículos inclusivos e proíbe os conselheiros das escolas de apoiarem estudantes trans, intersex e de gêneros diversos. Mais de 82.000 pessoas assinaram uma petição contra o PL. Em uma declaração conjunta, 18 grupos importantes da sociedade civil se opuseram ao PL:

“Acreditamos que na Austrália moderna não há lugar para colocar os professores em risco de perder o direito de trabalhar como professores, não há lugar para proibir escolas e funcionários de escolas de ensinar diversidade e não há lugar para envergonhar, estigmatizar e silenciar crianças LGBTIQ+.”

 

Brasil: O Supremo Tribunal Federal (STF) está se preparando para considerar a legalidade das leis municipais que proíbem a discussão de “identidade de gênero”, “ideologia de gênero” ou “orientação de gênero” nas escolas do estado de Santa Catarina. Em abril, o Tribunal vetou leis semelhantes no estado de Goiás.

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Esportes e Cultura: casais de pinguins do mesmo sexo deixaram novamente as pessoas felizes. Na Espanha, o aquário Oceanogràfic València anunciou que o par feminino de pinguins Gentoo, Electra e Viola, pela primeira vez adotou, incubou e chocou um ovo fertilizado por um casal diferente.

 

No Japão, a Pride House Tokyo anunciou que abrirá o primeiro Centro LGBTQ permanente do Japão no International Coming Out Day, no dia 11 de outubro - “Pride House Tokyo Legacy”. As casas do orgulho foram criadas pela primeira vez por pessoas da comunidade durante os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de Inverno de 2010 no Canadá como centros de hospitalidade para compartilhar informações, oferecer um espaço seguro para atletas e hospedar eventos durante os Jogos. O espaço japonês é apoiado por 19 embaixadas, 14 empresas, 35 organizações sem fins lucrativos e muitos ativistas.

 

A filósofa e autora Judith Butler falou ao New Statesman sobre a ideologia feminista radical que exclui as mulheres trans do movimento feminista. Ela refletiu sobre o discurso em curso, a história do movimento e a violência que as mulheres trans enfrentam. Ela enfatizou que muitas pessoas são feministas trans-afirmativas e que sempre houve fortes conexões entre os movimentos feministas e queer:

“Seria um desastre para o feminismo retornar a uma compreensão estritamente biológica de gênero ou reduzir a conduta social a uma parte do corpo, ou impor fantasias de medo, suas próprias ansiedades, às mulheres trans... O senso duradouro e muito real de gênero deveria ser reconhecido socialmente e publicamente como uma questão relativamente simples de modo a conceder outra dignidade humana.”

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